Pão duro é a mãe

- O que foi?

- Tá faltando você me dizer alguma coisa.

- Um obrigado?

- Sim, É de bom tom agradecer, desejar um bom dia, um volte sempre, até a próxima.

- Então tá, considere dito tudo isso aí.

- Tá bom, está considerado, mas ainda está faltando alguma coisa.

- Olha, moço....

- Obrigado pelo moço....

- É so um jeito de dizer.

- É, Disse bonitinho, mas continua faltando uma coisa...epa...opa... senti uma insinuação nesse "jeito de dizer". Explique-se.

- Que meleca, moço. a fila está grande e o povo está impaciente.

- O mais importante pra você é que eu continue mantendo a minha...

- ...sua, o quê?

- Paciência

- Se o senhor está nervoso, imagina esse povo todo aí atrás.

- Não esquenta. Já já eles ficam nervosos também. E não estou nervoso. A-in-da.

- Moço...

Moço ou senhor? primeiro é moço, depois é senhor e de novo é moço. decide. Se chamar de véi eu magoo.

- #@@%$#)()()§@§# grrrrrrrrrrrrrrr

- Me diz logo e eu vou embora

- vou é chamar a polícia. O senhor é louco.

- Isso. Isso mesmo

- Isso mesmo o quê? o senhor é louco ou chamo a polícia?

- Você escolhe, afinal é você que está dizendo. Mas eu prefiro a polícia

- O que o senhor quer que eu diga?

- Que está sem moedinha de um centavo e se pode ficar me devendo os dois centavos que faltam. Que está constrangida por isso mas a política da casa é não fornecer as moedinhas..blá blá blá e blá blá blá.

- Tá regulando dois centavos?

- Não. Eu tô regulando o que me pertence por direito e que você surrupiou quando não perguntou se permito que me surrupie os dois centavos. Se me perguntar e eu decidir doar, é problema meu, se não, é problema seu.

A essa altura já tinha uma platéia considerável, muita gente vaiando, a mim e à moça do caixa. Acho que era pra não ferir susceptibilidades. Eu bem queria reger a turba mas tinha que manter a pose de ofendido. E meus dois centavos, mesmo sem saberem de nada, com certeza estavam sentindo-se protegidos e valorizados. E pão duro é a mãe.