CIGANA.
Andava pela vida como quem nada quer, ora ia lentamente na marcha lenta do tempo, ora voava aos caprichos dos ponteiros dos mais apressados relógios.
Se vestia em trajes de festa, lenços estampados,enfeites diversos e cor, sim muita cor isso com certeza fazia toda diferença.
Passou pela praça, pelas árvores e cantares de aves,viu flores e borboletas. Seguindo avistou encantada uma clareira,um eito em meio ao canteiro de flores do campo coloridas e alegres,dançando ao sabor do vento.
Olhou para o céu límpido de azul intenso,fechou os olhos por uns momentos e resolveu abrir ali mesmo seu lenço de seda que cuidadosamente guardava seu bem secreto, seu conselheiro,o baralho cigano e suas cartas coloridas que ajudavam a mostrar o melhor caminho rumo ao futuro,pelo menos não custava nada bisbilhotar o que as cartas dizem, afinal há muito se sabe " as cartas não mentem jamais".
Abriu silenciosa e quase concentrada o lenço azul marinho,segurou quase em um gesto de devotado carinho o baralho e foi pouco a pouco embaralhando as cartas,na tentativa de desembaralhar os pensamentos e quem sabe até a própria vida...
Cortou o baralho com mão firme e respiração quase muda,coração
curioso quase pulava pela boca.
Veio a primeira carta que iria formar a resposta a pergunta da alma, que repete a veha música " Como será o amanhã"?
Viu / leu/ interpretou carta a carta, intercalava consultas ao oráculo com espiadas para o céu como a buscar contato quem sabe com fadas/duendes/elfos...
... o que descobriu desvendado naquela morna manhã de outono ninguém nunca soube ao certo, o fato é que após alguns momentos, recolheu devotamente as cartas,enrolou-as no lenço, levantou-se
lentamente e caminhou firme, mas de forma leve quase flutuando.
Se embrenhou pelos canteiros, como a se misturar com as flores/cores/perfumes.
Dançou segundo uns disseram,rodopiou na versão de outros, e ninguém chegou a um consenso quanto a forma que aconteceu, mas todos, absolutamente todos foram unânimes em afirmar que ao percorrer o canteiro de girassóis uma forte luz foi avistada, uma canção linda e terna e um aroma de incenso tomou conta do ar...
... Á partir de então ninguém soube mais para onde havia ido , de que maneira havia ido e a razão pela qual havia passeado naquela manhã pelo jardim da vida.
O que se descobriu ao certo é o que todos afirmam até os dias de hoje: era linda, pele de seda, cabelos encaracolados, sorriso largo e sincero, lenços estampados,cores muitas cores, luz e uma aura de
magia. Fora vista em muitos outros jardins pelo mundo afora.
De resto apenas uma carta, uma única demonstração de que algo real havia nela,ainda que mágico, uma cruz que irradiava luz e significava vitória sobre as dores/conflitos/desamores,um sinal de que apesar de tudo havia sim uma esperança para o mundo: a de que dias
melhores virão.
Se a estória é real, ninguém sabe ao certo e ninguém ousa duvidar,mas o que se conta através de gerações é que um anjo em forma de mulher passeou pelo planeta.
De lembrança a forma alegre e colorida, não se pode esquecer.
Mas quem era/é ela?
Uma cigana a serviço da paz.
OBS; Esse conto é uma singela homenagem aos amigos Bridon e Arlete.
Márcia Barcelos.