Onde está o perigo?
“Cuidado ao atravessar a rua!”, diz a mãe cautelosa a orientar o filho no caminho pra escola.
“Não fale com estranhos!”, alerta o pai à filha pequena.
“Não corra demais!”, “Não beba!”, “evite confusão!”, “Feche bem a porta!”.
São tantos os conselhos que damos e ouvimos durante a vida, com a intenção de evitar o pior, os acidentes, a violência, a morte.
Mas onde está o perigo?
Nas ruas agitadas dos grandes centros urbanos ou em pedaços ermos de bairros periféricos?
Está no trânsito agitado e violento, ou lento a ponto de favorecer a ação de delinqüentes oportunistas à caça de condutores desatentos e indefesos?
O perigo está nas agências bancárias, nos bares ou nos eventos abertos?
Está dentro de casa? Na escola?
Sim, está!
Está em toda parte.
Vivemos como reféns do medo, alvos de balas perdidas, objetos de ódio gratuito.
Tentamos proteger nossos filhos, esposa, marido, pais, quando, na verdade, ninguém está protegido.
Todo dia acorda alguém tentando apenas sobreviver, já que viver é verbo cada vez mais difícil de ser conjugado.
Eu vivo, mas como e até quando?
Tu vives, mas como tens guardado a tua vida?
Eles, nós, todos que estamos vivos agora, temos uma certeza e uma angústia: não viveremos para sempre.
Mas queremos que o ciclo da vida: nascer, viver, morrer siga seu curso natural, com circunstâncias no mínimo aceitáveis.
Nunca interrompido de forma brutal, desumana e bizarra, como tem sido para muitos.
Infelizmente, todos os dias, também acorda alguém que parece não dar valor a esta vida, que resolve interferir de forma negativa e medonha na vida do próximo e até na própria existência.
Para estes, não há lugar, hora, sentimentos de valor ou temor.
Seja por interesses materiais, vingança, poder, desequilíbrios e esquizofrenias ou razões imagináveis e injustificáveis, num momento agem de forma premeditada ou imprevisível e são mais que personagens de cenas chocantes, se sentem “donos” da vida, se transformam em executores, carrascos, juízes do mal.
Aterrorizam, ferem, saqueiam, ceifam vidas.
Num momento, pode-se evitar o pior. Num momento pode-se refletir sobre valores, sentimentos, família.
Há ainda esperança de paz?
Quantos exércitos seriam necessários para se garantir segurança?
A cada dia fica mais claro e só não ver quem não quer: a paz só depende de uma pessoa: você.