Casualidades
Muitas pessoas, mas realmente improvável ter com elas um diálogo agradável...
A probabilidade era muito pequena para encontrar uma alma compatível...
- Algum homem inteligente aí?
Foi a primeira provocação...
Ela não sabia, ele também não. O quanto de sintonia encontrariam, quantas palavras instigantes iriam trocar... Eles conseguiram, sem muito esforço, estabelecer um nível de comunicação incomum, talvez o que ambos desejavam.
Talvez uma loucura... Mas ela aceitou encontrar-se com ele naquela mesma noite. Acreditou na intuição, esta sim, já sabia de tudo, mas não conseguira traduzir...
Confiaram na intuição, mas desconfiaram da sorte. Ele mentiu o nome, ela omitiu o seu e sua falta de hábito nessas situações acabou por entregar - lhe... Ela percebeu nele uma expressão que a fez entender, ou melhor, abismar-se de tamanha coincidência. Não, aquela não foi a primeira vez que conversaram... Ao falar seu nome ela lembrou, caiu a ficha... Já haviam conversado naquela sala desconhecida uma semana antes... Era o mesmo nome (pseudônimo), profissão, mesmo vocabulário... Ela foi poucas vezes àquele lugar, mas sempre tinha muita gente. Mas falar com a mesma pessoa... Isso foi mais que uma coincidência... Mas foi ele mesmo? Sim, foi. Ela tem certeza.
Teriam mesmo de se conhecerem? Teria de ser por este meio? Para quê questionamento? Foi assim! Deve ter sido as almas deles que gritavam para se encontrarem... Elas já se conheciam de algum lugar. Acredito que foi num desses sonhos que ficam no subconsciente e esperamos a vida inteira para que um dia torne-se real. Ela sentiu sua alma desnuda... Como se não soubesse se via a outra, se tinha se dividido ou olhava-se num espelho... É verdade, eles consideram-se inteligentes, mas o acaso que os envolve... Eles ainda não são capazes de explicar...
Ela guarda essa amizade anônima sem prazo de validade e sabe que não precisa ser para sempre para ser eterno!