A LOUCURA
A loucura é tudo que se quer.
Ser o ontem, o hoje, o amanhã.
A ilusão do sonho concedido na realidade.
É a lógica do submundo que não se vê.
A vontade incontrolável de ter e ser o que se quer.
É a palavra guardada que se diz sem pensar;
A liberação do pensamento que se escondia no medo.
O mistério de não ser porque ninguém é.
A prisão do eu, por vergonha dos demais.
É viver à margem da sociedade hipócrita.
Ser verdade nua e crua sem o olhar do estrangeiro.
Ser rei e ser lixo na pura igualdade da realidade.
A profundidade do real dentro do sonho.
O vestir, o beber, o comer, sem momento; sem comando, sem ética, sem o processo do comum.
Ser louco é ser real, no mundo da verdadeira lógica.
O sonho não é menos verdadeiro que a realidade,
Nem a realidade é menos ilusória que o sonho.
A loucura é a troca do mundo real com o mundo de ilusão;
A realidade se concentra no acordado, a loucura no sonho silente.
É o puro significado do insignificante.
O entendimento do não poder entender seu significado.
É ser livre; dispensado dos erros, perdoado por tudo.
Chorar na alegria, rir na tristeza, zangar no êxtase.
O universo do que é, na aparência, direito.
A simples explicação do que é contrário ao normal.
A fuga do " é, porque é, tem que ser assim!"
Onde nem a lucidez explica o seu ser; perdendo o combate, onde uma da outra faz parte.
Em momento de fome, medo, coragem e assim; de louco, todo mundo tem um pouco.
A mania, o estranho gosto, a ideia sem nexo; viagem ao mundo da lua na alienação.
A loucura é tudo se vê;
O que um único faz, mas que quando tem mais, vira moda. E se torna o comum, real e lógico.
São palavras desordenadas que não significam nada, mas que louco e normal; lúcido e anormal é igual.
Loucura é a normalidade do anormal, do louco, do inverso.
A loucura, é a loucura.