LEMBRANÇAS; LUGAR SEGURO.
A vida passa retalhando estradas do tempo, nem sempre lentamente e também nem tão depressa assim. O fato é que os dias se afastam e quando nos damos conta, quando olhamos para nossos ontens... eles já se foram.
No hoje de cada dia um anseio,uma luta diária para que possamos nos vencer a nós mesmos.
Vistoriamos a alma e nos perguntamos se devemos ou não destravar o pino de segurança da granada que temos guardada dentro de nós.
É algo como detonar uma bomba e não ter a certeza de que os restos serão apenas cacos ou partes de inteiros já fragmentados pela vida.
Olhamos ao redor de nossa própria alma e muitas vezes lamentamos ainda o amor abortado de nós de maneira inadequada, sem que nós nos permitissemos abrir mão dele.
Mas a vida e o tempo são caprichosos em nos oferecer surpresas que nem sempre queremos, outras que nem sempre julgamos merecer e quando menos esperamos, lá estamos em meio a uma encruzilhada onde a alma partida/repartida/fragmentada de dores ainda latentes/latejantes, não sabe que direção seguir.
E cá para nós,como saber qual a direção?
Caminhamos do passado ( que a única coisa concreta que temos, pois já foi não há como modificar os fatos) ao presente que quem dera pudéssemos desenhar o futuro e então vem a frase da canção ..." faço das lembranças um lugar seguro".
E enquanto vamos nos analisando em alguns momentos de lucidez vemos que fomos vitoriosos em nossa coragem de termos sido tão tolos ao dizer não quando a alma gritava por um sonoro sim.
Mas, de seguro mesmo:o passado . Quanto ao futuro...bem quem sabe se ele chegará, a cor que terá, o som que se fará ouvir, o sabor que oferecerá...
Na boca um gosto amargo de saudade requentada, na alma uma nuance já desbotada pelo tempo e no amanhã,bem no amanhã a certeza de que um dia também será um ontem a ser lembrado.
OBS: Ofereço essa crônica com carinho a minha amiga/comadre Adria Comparine.
Márcia Barcelos.