A OUTRA
 

Fala-me da tua tristeza. Dessa tristeza que não é minha, mas que dói como se assim fosse
 .  Observo que as tuas mãos estão crispadas e o teu corpo se reteza. Veja, as minhas também estão crispadas e o meu corpo acompanha o teu. Os teus olhos estão fitando o vazio. Os meus também.Tentando compreender-te os meus pensamentos rodopiam e a garganta não sufoca o grito. E eu grito: a causa! A causa! A causa! O por quê! O por quê? Não vês que a dor que a ti dilacera a mim também dilacera? E angustia-me o nada poder fazer e esse nada poder fazer destempera os meus sentidos. E o amanhã que nunca chega transforma a esperança em utopia. Mas te confesso: se o teu peito dói, que exploda o meu coração antes jogando sobre mim todo o fardo que tu carregas!

...Por mais alguns segundos fitei aquela figura patética que o espelho refletia , sai  diante dele e subi no palco para exibir a minha nova performace.
           
                         

 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 05/04/2011
Código do texto: T2890372
Classificação de conteúdo: seguro