" E" " SE"...
Em mais um final de tarde como tantos outros, ou talvez o mais diferente de todos, não há como definir,saiu andando em vão, olhando para o delicioso encontro de tons que desenhava o infinito, entre noite por chegar e dia por se despedir.
Uma sensação de volta ao passado, 20 anos após, quase uma vida,ou apenas duas décadas...também não fazia diferença, havia uma saudade camuflada, embargando a voz e a vez de ser qualquer
coisa, ou apenas nada.
Um adeus que chegou incompleto, inconsequente talvez ou quem sabe já chegou tarde...
Mas havia nas veias a sensação de saudade coagulada que traçava planilhas/ hematomas de mágoa na pele e na alma.
O peito já havia se acostumado com a dolorida ausência de cor das lembranças e com o silêncioso pulsar das saudades.
De tudo ficou muito pouco ou talvez de pouco tenha ficado muito.
Andou sem rumo, sem pressa, sem tempo de chegar ou sem razão para ter partido, apenas se deixou levar pelo momento,caminhou passos lentos, trapos/traços de recordações acompanhavam ora silentes,ora aos gritos.
Uma questão não a deixava em paz, apenas o e que podia se unir a qualquer palavra e o se que também em frases aleatórias podem significar muito, agora unidas significavam uma enorme dúvida...
E...
SE...
jamais iria saber, o que seria se houvesse sido.
E... Se...
Quem poderá saber como iria começar o fim ou como seria o final do tempo para sempre?
Apenas seguiu noite a dentro, olhando as estrelas e se inquirindo...
e... se...?
Márcia Barcelos.