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Amar se Aprende Amando
II - Sexo: a orientação é para a compreensão ou para o ato?
Escrever sobre sexualidade, abordando qualquer aspecto, sempre rende interações muito interessantes, tantos nos comentários como nos email que recebo de colegas educadores e de amigos que comungam do mesmo pensamento.
Todos são de opinião que a questão da informação sem contexto tem sido mais um problema que algo benéfico para os adoslescentes e jovens, pois parece que está se fazendo apologia, que se incentiva o ato sem nenhuma responsabilidade.
Com relação a orientação feita nas escolas, as opiniões se dividem pois uns acham que a escola não faz o seu papel e quando faz , não faz do modo correto. Como exemplo relato uma conversa muito interessante com um colega de trabalho, um dos nossos motoristas, enquanto me levava ao aeroporto para mais uma viagem de trabalho.Ele me falou da atividade que realizava com adolescentes e jovens, como voluntário, numa congregação religiosa, descrevendo como era gratificante organizar palestras educativas, a partir das solicitações dos próprios jovens, que incrementavam esses momentos com apresentações teatrais, na congregação e em outros espaços.
Perguntei se os jovens se interressavam por temáticas ligadas ao sexo e ele me disse que poucos...refleti com ele que a repressão religiosa quase sempre não é o caminho adequado para que a informação seja mesmo educativa, que fariam um ótimo trabalho se organizassem atividades com esse fim.
Reencontrei-o dias atrás e perguntei como andava o trabalho e ele, entusiasmado destacou como era nítida a evolução da consciência dos jovens para os valores de uma vida saudável “dentro do Amor de Deus” e me perguntou:
- Professora, dias desses acompanhei uma colega sua numa palestra sobre Educação Sexual, numa das nossas escolas, mas será que ao invés de “Educação Sexual” não poderia ser “Educação Sentimental” ?
Sorri, ganhando tempo para responder e me lembrei da Paula Toler cantando “Educação Sentimental/Eu li um anúncio no jornal/Ninguém vai resistir/Se eu usar os meus poderes para o mal...” Não , não era sobre isso que ele falava...Não desse tipo de educação sentimental, então articulei meu pensamento para responder ao seu questionamento.
"-Entendo seu ponto de vista mas a abordagem pedagógica sobre sexualidade com crianças, adolescentes e jovens nunca deverá ser apenas informativa, mas, sobretudo, de reflexão. O educador que vai “falar” sobre “gravidez na adolescência”, “sexo seguro”, “uso de preservativo”, “doenças sexualmente transmissíveis” e outros assuntos afins, deve escolher estratégias que provoquem debate e reflexão acerca de toda informação difundida e também sobre as relações de convívio entre eles.Deve argumentar que responsabilidade e maturidade devem vir antes de prevenção, falar de Educação Sexual sim, mas na perspectiva da Orientação Afetivo Sexual.
Nossa conversa continuou em torno do conflito de gerações e da falta de referência dos jovens para o seu amadurecimento. Parabenizei-o porque entendo que sua congregação está fazendo o trabalho que a família evita e a escola negligencia, mas me preocupei com tom tradicional da abordagem pois até um simples beijo era citado como um "pratica pecaminosa" ...
Mas, no contraponto desse rigor, é só olhar para os lados e constatar que meninos e meninas cada vez mais cedo assumem vida sexual ativa, sem estofo emocional, sem refletir sobre a responsabilidade dos seus atos, desde a beijação inconseqüente, um simples “ficar”, até o ato consumado.
É alarmante e preocupante não só aumento dos índices de gravidez na adolescência, mas os números da violência em torno do tema. O número de suicídios entre jovens tem crescido também. Acaba-se uma relação e a falta de maturidade afetiva já acha que o mundo acabou.
Outro dado alarmante é a violência crescente entre os casais jovens. Parece comum qualquer discussão descambar para o destempero absoluto e eles se estapeiam, se ferem até, numa demonstração de selvageria absurda.
A delicadeza do inicio da vida afetiva, da paquera saudável, do flerte, da espera ansiosa para o primeiro beijo é puro anacronismo. Categoricamente, muitos e muitas afirmam que não namoram, apenas ficam. Horas mais tarde nem o nome lembram...
Diante disso, a reflexão que faço é a seguinte:Que valores estão postos no Projeto Político Pedagógico das escolas para que através de suas práticas currículares, enfrentem esse problema que se agrava, diuturnamente?
Que tipo de ação é proposta para que pais e comunidade escolar reflitam, em conjunto, suas inquietações, encontrem soluções para seus problemas?
Qual a ação educativa desenvolvida com as famílias na compreensão de que a escola deve complementar a orientação de seus filhos e filhas e não deixar apenas que a escola arque com essa responsabilidade?
Não basta apenas informar. É preciso ação educativo- pedagógica, ação fundamentada no afeto, na compreensão das limitações, na aceitação da colaboração do outro, para que não apenas lamentemos e, de braços cruzados, presenciemos infâncias, adolescências e juventudes sendo destruídas.
Quero crer que meu posicionamento como mulher e educadora não seja confundido com “discurso moralista” contra a modernidade, contra a tão sonhada “liberação sexual” de tantas mulheres.
Responsabilidade consigo e com o outro não fazem mal a ninguém.Não nesses tempos de permissividade absoluta sem nenhuma maturidade. Afirmar e cantarolar “AH, COISA BOA É NAMORAR!" pode ser um mantra muito especial pois o que homens e mulheres adultos fazem, como conduzem suas vidas afetivas e sexuais dizem respeito só a a eles mas com adolescentes e jovens em formação a questão é outra.
Eu, mais do que ninguém, defendo e acredito no Amor como um valor intrínseco, que Amar se Aprende Amando e sempre vou querer aprender e reaprender viver o amor, em todas as suas dimensões.
Para relembrar:
Amar se Aprende Amando é o penúltimo livro do poeta Carlos Drummond de Andrade publicado em vida, e que traz cerca de 70 poemas.
Resumo do livro:
Há de tudo neste desconcertante e caliente "mafuá" que agora se lê sob o título de Amar se Aprende Amando, no qual se colhem de imediato duas raras lições: uma primeira, de ousada simplicidade e que se dá logo à tona de seu enunciado, onde o autor permite a audácia de reunir três verbos, cada um deles em voz distinta; e uma outra, mais funda e talvez difícil, que nos ensina essa prática (tão trivial não fosse hoje absurdamente anacrônica) cuja eficácia reside apenas na elementar e irretorquível verdade de que só se aprende mesmo fazendo. http://www.coladaweb.com
Amar se Aprende Amando
II - Sexo: a orientação é para a compreensão ou para o ato?
Escrever sobre sexualidade, abordando qualquer aspecto, sempre rende interações muito interessantes, tantos nos comentários como nos email que recebo de colegas educadores e de amigos que comungam do mesmo pensamento.
Todos são de opinião que a questão da informação sem contexto tem sido mais um problema que algo benéfico para os adoslescentes e jovens, pois parece que está se fazendo apologia, que se incentiva o ato sem nenhuma responsabilidade.
Com relação a orientação feita nas escolas, as opiniões se dividem pois uns acham que a escola não faz o seu papel e quando faz , não faz do modo correto. Como exemplo relato uma conversa muito interessante com um colega de trabalho, um dos nossos motoristas, enquanto me levava ao aeroporto para mais uma viagem de trabalho.Ele me falou da atividade que realizava com adolescentes e jovens, como voluntário, numa congregação religiosa, descrevendo como era gratificante organizar palestras educativas, a partir das solicitações dos próprios jovens, que incrementavam esses momentos com apresentações teatrais, na congregação e em outros espaços.
Perguntei se os jovens se interressavam por temáticas ligadas ao sexo e ele me disse que poucos...refleti com ele que a repressão religiosa quase sempre não é o caminho adequado para que a informação seja mesmo educativa, que fariam um ótimo trabalho se organizassem atividades com esse fim.
Reencontrei-o dias atrás e perguntei como andava o trabalho e ele, entusiasmado destacou como era nítida a evolução da consciência dos jovens para os valores de uma vida saudável “dentro do Amor de Deus” e me perguntou:
- Professora, dias desses acompanhei uma colega sua numa palestra sobre Educação Sexual, numa das nossas escolas, mas será que ao invés de “Educação Sexual” não poderia ser “Educação Sentimental” ?
Sorri, ganhando tempo para responder e me lembrei da Paula Toler cantando “Educação Sentimental/Eu li um anúncio no jornal/Ninguém vai resistir/Se eu usar os meus poderes para o mal...” Não , não era sobre isso que ele falava...Não desse tipo de educação sentimental, então articulei meu pensamento para responder ao seu questionamento.
"-Entendo seu ponto de vista mas a abordagem pedagógica sobre sexualidade com crianças, adolescentes e jovens nunca deverá ser apenas informativa, mas, sobretudo, de reflexão. O educador que vai “falar” sobre “gravidez na adolescência”, “sexo seguro”, “uso de preservativo”, “doenças sexualmente transmissíveis” e outros assuntos afins, deve escolher estratégias que provoquem debate e reflexão acerca de toda informação difundida e também sobre as relações de convívio entre eles.Deve argumentar que responsabilidade e maturidade devem vir antes de prevenção, falar de Educação Sexual sim, mas na perspectiva da Orientação Afetivo Sexual.
Nossa conversa continuou em torno do conflito de gerações e da falta de referência dos jovens para o seu amadurecimento. Parabenizei-o porque entendo que sua congregação está fazendo o trabalho que a família evita e a escola negligencia, mas me preocupei com tom tradicional da abordagem pois até um simples beijo era citado como um "pratica pecaminosa" ...
Mas, no contraponto desse rigor, é só olhar para os lados e constatar que meninos e meninas cada vez mais cedo assumem vida sexual ativa, sem estofo emocional, sem refletir sobre a responsabilidade dos seus atos, desde a beijação inconseqüente, um simples “ficar”, até o ato consumado.
É alarmante e preocupante não só aumento dos índices de gravidez na adolescência, mas os números da violência em torno do tema. O número de suicídios entre jovens tem crescido também. Acaba-se uma relação e a falta de maturidade afetiva já acha que o mundo acabou.
Outro dado alarmante é a violência crescente entre os casais jovens. Parece comum qualquer discussão descambar para o destempero absoluto e eles se estapeiam, se ferem até, numa demonstração de selvageria absurda.
A delicadeza do inicio da vida afetiva, da paquera saudável, do flerte, da espera ansiosa para o primeiro beijo é puro anacronismo. Categoricamente, muitos e muitas afirmam que não namoram, apenas ficam. Horas mais tarde nem o nome lembram...
Diante disso, a reflexão que faço é a seguinte:Que valores estão postos no Projeto Político Pedagógico das escolas para que através de suas práticas currículares, enfrentem esse problema que se agrava, diuturnamente?
Que tipo de ação é proposta para que pais e comunidade escolar reflitam, em conjunto, suas inquietações, encontrem soluções para seus problemas?
Qual a ação educativa desenvolvida com as famílias na compreensão de que a escola deve complementar a orientação de seus filhos e filhas e não deixar apenas que a escola arque com essa responsabilidade?
Não basta apenas informar. É preciso ação educativo- pedagógica, ação fundamentada no afeto, na compreensão das limitações, na aceitação da colaboração do outro, para que não apenas lamentemos e, de braços cruzados, presenciemos infâncias, adolescências e juventudes sendo destruídas.
Quero crer que meu posicionamento como mulher e educadora não seja confundido com “discurso moralista” contra a modernidade, contra a tão sonhada “liberação sexual” de tantas mulheres.
Responsabilidade consigo e com o outro não fazem mal a ninguém.Não nesses tempos de permissividade absoluta sem nenhuma maturidade. Afirmar e cantarolar “AH, COISA BOA É NAMORAR!" pode ser um mantra muito especial pois o que homens e mulheres adultos fazem, como conduzem suas vidas afetivas e sexuais dizem respeito só a a eles mas com adolescentes e jovens em formação a questão é outra.
Eu, mais do que ninguém, defendo e acredito no Amor como um valor intrínseco, que Amar se Aprende Amando e sempre vou querer aprender e reaprender viver o amor, em todas as suas dimensões.
Para relembrar:
Amar se Aprende Amando é o penúltimo livro do poeta Carlos Drummond de Andrade publicado em vida, e que traz cerca de 70 poemas.
Resumo do livro:
Há de tudo neste desconcertante e caliente "mafuá" que agora se lê sob o título de Amar se Aprende Amando, no qual se colhem de imediato duas raras lições: uma primeira, de ousada simplicidade e que se dá logo à tona de seu enunciado, onde o autor permite a audácia de reunir três verbos, cada um deles em voz distinta; e uma outra, mais funda e talvez difícil, que nos ensina essa prática (tão trivial não fosse hoje absurdamente anacrônica) cuja eficácia reside apenas na elementar e irretorquível verdade de que só se aprende mesmo fazendo. http://www.coladaweb.com