ACABOU, VÁ EM PAZ...

ACABOU, VÁ EM PAZ...

Está é a sensação, a emoção, as últimas palavras quando se joga o último torrão de terra em cima do caixão. Desta vez foi o sepultamento de Luiz Carlos das Neves, o homem que conheci como pai, o segundo companheiro de minha mãe. Durante o velório passou um filme em minha cabeça, esta foi a família que conheci, que me educou, que me deu a base e a sustentação que tenho hoje.

Quando eu tinha menos de três anos de idade, minha mãe foi morar com ele, quando completei três anos, a Luciene nasceu no mesmo dia que eu, seis de setembro, agora éramos duas, a partir daí o que me contam, é que ele quando brigava com minha mãe, colocava Luciene ainda um bebê no cesto e eu ele segurava pela mão e ia embora nos levando para a casa da minha avó, antes da Luciene completar um ano nasceu o Wilson e quando o Wilson tinha vinte e sete dias de nascido, bum, acabou o relacionamento e ficamos nós três na casa da minha avó, com o Luiz Carlos, este pai que Deus me deu e hoje se foi, minha sensação era de perda, perda de uma história, de uma vida, pois não sei que destino eu teria se ele não me levasse junto com a Luciene para a casa dele, o que sei é que eu cresci com um pai, só depois fui entender a confusão dos mais velhos, da vida, mas no momento em que precisei e me entendi por gente eu tinha um pai e conforme eu cresci, ele se orgulhava de dizer, minha filha é assim, é assado. Pai sei que nos últimos anos fui uma filha ausente, mas jamais esqueci o que fez por mim, desculpe se nem sempre eu estava lá, sei que antes de morrer você queria falar comigo, tentei te ligar, mas já era tarde, porém sei que as lições que aprendi foram com o senhor, com a avó Natalina, a tia Carmem, a tia Sheila, o tio Neio, até mesmo a tia Marisa, sabe lembro até da Nair aquela mulher que o senhor teve depois da minha mãe, nós íamos na casa dela, o Wilson chorava muito, ele era pequeno e ficávamos felizes de passear, onde quer que esteja, saiba que sua filha emprestada te ama e jamais esquecera de ti e muito menos de toda a história que me levou até vocês,a família que me acolheu, me ensinou, me educou, que tenho e terei até o fim da vida.

Do primeiro ao último torrão de terra que puseram em cima de ti, foi um silêncio ensurdecedor, pois todos ali olhando e pensando no senhor, na sua amizade, na sua traquinagem, até na sua bebida, eu sei, mas tudo no passado, pois como todos disseram ou pensaram acabou, fique em paz ou vá em paz. Pai estarei pedindo por ti em minhas orações, para que encontre a paz necessária a seu espírito e que sua alma tenha de fato se libertado das dores desta vida, desta encarnação e que siga em paz sem sofrimentos. Obrigada por tudo o que representou em minha vida.

Elaine Marcelina
Enviado por Elaine Marcelina em 03/04/2011
Código do texto: T2886376
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