SOLDADO BANDOLEIRO

SOLDADO BANDOLEIRO

Estando despreparado para o combate, o guerrilheiro fugiu, atravessou matas, rios e lago, em cada orla um beber d’água um pouco de ração trazida na mochila, reabastecer do cantil e recomeço do caminhar. Em seus coturnos enlameados, o testemunho de árduo caminhar, suas roupas amareladas dos rastejos de outrora, e enrugadas com o suor, que encardia a cor verde-oliva. A lembrança dos combates contidos em seu disquete cefálico, os amigos mortos, os tiros as granadas que estilhaçava cada um dos guerrilheiros tornando vermes triturados com o barro do solo de combate, igual os vermes dos inimigos que antes combatia, as marcas cicatrizavam seu corpo doído, e seu rosto profundas marcas de uma solidão. Momentos passados, frágil de tanto o caminhar, o guerrilheiro caiu, mas mesmo vindo a cochilar no cansaço do seu corpo, seu fuzil jamais ficava só. A caminhada era recomposta, aclives e declives a enfrentar matos raízes de fortes árvores o acompanhava todo seu trajeto, a noite cai, o sol já não brilha, o guerrilheiro cansado e só, encosta sua mochila em uma frondosa árvore, toma mais um pouco de água e dorme. Horas passam rapidamente, noite termina nova aurora rompe-se, sol aparece aquecendo assim o novo dia. A estrada torna-se companheira, pois o guerrilheiro não sabe para onde vai devido ainda manter-se aturdidos com os barulhos dos combates. Mesmo assim o caminhar continua sol escaldante já crespa seu rosto e seu corpo curvam-se com o cansaço, e sua mochila mesmo estando quase vazia a cada passo torna mais pesada. É longa a caminhada tal qual, à vontade de conquistar o ponto de sua definitiva parada, a guerra ficou a léguas, porém a batalha continua conseqüência de um valente guerreiro ter fugido de uma luta, deixando seus irmãos, amigos do dia-a-dia que sofrendo, chorando, faminto ou sedento sangravam e morriam sem assim deixar de empunhar a sua bandeira de luta.

Lima Valter
Enviado por Lima Valter em 02/04/2011
Código do texto: T2886161