A Biblioteca
Ao mesmo tempo em que escrevia um texto, outro saiu da cartola, falando do meu passado, emboquei de forma simplista na Biblioteca Municipal da pequena cidade onde vivi, talvez o único local onde aves raras, como era o meu caso, iam pousar. Foi lá que li meu primeiro livro, pois meus pais não tinham dinheiro para comprar essa iguaria, lá adociquei minha pequena boca com o “Principezinho” de Saint Exupéry, seguiram-se alguns livros de banda desenhada, outros de contos infantis, e com o passar do tempo entrei no mundo misterioso de Sherlock Holmes. Sir Arthur Conan Doyle me marcou profundamente, ele estimulou meu apetite por livros. Não que eu fosse - ou sou - um voraz de livros, mas li-a alguns e continuo até hoje sendo um assíduo leitor. Inclusive, eu abdicava de ler os livros obrigatórios da disciplina de Língua Portuguesa, para ler aqueles com os quais me identificava. Poesia nunca foi minha praia, e acreditem que as aulas de Português eram tão aborrecidas que eu aproveitava para fazer palavras cruzadas. Minhas notas eram aquilo que eu merecia, quando não se gosta de algo, o professor se vinga. E ele se vingou na pauta, me deu um suficiente.
Tirando a Matemática que eu abominava por completo, o Português era meu fait divers. Se eu fosse Ministro da Educação cortaria o mal pela raiz, acabaria com os poemas para crianças que mal sabem escrever o seu nome. E mais... eliminaria todos os poetas melancólicos portugueses da bibliografia escolar; só de pensar a quantidade de escritor português que fez fama escrevendo poesias tristes até me dá vontade de dar um tiro no escuro.
- Ah povo amargurado o meu! Mais uma vez peço desculpas a Florbela Espanca, ela era grande, mas... bem, desta vez não tem mas nem menos mas... ela se foi, e pronto.
Saudades dela? Muitas, muitíssimas, era uma mulher e tanto.