Nada de especial

Minha cara arde, meu corpo já não é o mesmo, a lâmina de barbear se apressa, o rosto se cansa, uma névoa que corre, um passo de gigante, recordações que vagueiam pela minha mente, sons que percorrem minha alma. Lembranças... queridas lembranças: o chafariz onde bebia água enquanto criança contrasta com minha sede atual. Penso muito nos tempos de escola... que bons eles foram, ou não, as garotas que me olhavam como se eu fosse um ser especial. A forma como elas se aproximavam de mim para obter sucesso nos exames era lastimável, os bilhetes que escreviam no dia dos namorados, que eu olhava e descartava viraram coleção de segunda categoria. Nunca percebi muito bem o que movia as moças com que privei!!! Sempre as achava tão impetuosas, como podem pequenas flores ser tão terríveis? Se calhar não podem, eu que as pintei de forma diabólica. Tonalidades á parte, eu assumo a minha cota parte de culpa, se alguém tem que ser julgado pelo crime de difamação, eu me chego á frente. Darei meu peito ás balas, e pedirei perdão a todas aquelas que ousei indicar neste espaço. {Minhas queridas - vocês são belas, sensuais, bonitas demais, e depois... não tem depois}.

Mas... sim, sempre existe um “mas”, no meio de tanta superficialidade havia uma flor raríssima, de seu nome Célia, que eu via como minha dama de companhia nas idas á Biblioteca Municipal. Por incrível que pareça dei de caras hoje mesmo com ela no facebook, ela me adicionou passado vários anos sem nos falarmos, como me encontrou? Não faço a mínima idéia, quando olhei para a foto quase que não a reconheci, ela era gordinha e hoje está... até as palavras me fogem ao tentar caracterizá-la, vejo que o passar dos anos lhe fizeram bem, seu corpo mudou muito; há quem diga que as mulheres atingem a sua plenitude aos 30 anos, ela caminha para lá, com uma beleza invulgar. Pelo que me contou: casou, estudou contabilidade e trabalha na Santa Casa da Misericórdia de Valpaços – minha cidade. Foi bom revê-la, ela era uma boa amiga, daquelas que sabiam partilhar um bom livro, sem que o tempo a tornasse banal. Continua com o mesmo brilho nos olhos, e com a ingenuidade estampada no rosto.

Agora (...) vou acabar de fazer minha barba, pensei em deixar um moustache, mas depois de me olhar para o espelho desisti da idéia. Amanha acordarei com meu rosto esbofeteado, tal é a vermelhão que a lâmina me provoca.

Entre parecer um mendigo ou um homem que leva tapa da mulher, prefiro mil vezes a primeira alcunha. Mas amanha passarei pela segunda.

- O que isto tem a ver com o texto? Nada... absolutamente nada.

Jvcsilva
Enviado por Jvcsilva em 02/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2885692
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.