Fim de plano

Eu sabia que de alguma forma nosso caso iria acabar. No nosso geneses, as coisas eram diferentes e era possível senti no ar de nossos mundos a energia fortificadora do elo. Afirmar essa delicada aglutinação sentimental era menos rara.

Eu vejo nossa explosão de luzes coloridas, cheirosas, de sabor inominável, se trasformarem em um obscuro plano de agonia, dúvidas, fétido como carne podre.

Eu sabia. E como eu sabia! As coisas não estavam indo bem, ele com a loucura, perseguindo minha mente para torturá-la com as velhas mágoas, e eu subserviente, esperando pela melhora, por nossa tão almejada oficialização. Não sei quem era mais insano, eu querendo não ver que nosso amor era obsessivo e doentio, ou ele que fingia as vertigens que cometia e me dava o abuso de todos os momentos como culpada.

Já se foi um ano, quantas tantas palavras se fizeram heróis malandros, pisando no que importava e me foi caro. Hoje depois de tanta devoção, de tanto zelo, deixa-me pro mundo. Esquece, abandona-me.

O ciúme, a raiva, o medo, passou a ser protagonistas nos nossos lugares.

As promessas não cumpridas, as cartas nunca chegadas, as palavras sempre esquecidas. Nossos planos viraram objetos de zombaria, o sim e o não, o vai e não vai, e no fim, eram apenas meus planos. Um sentimento sanfonado entre o que não existe e o nulo. Nunca iria acontecer, eu sempre seria a outra.

Nakano
Enviado por Nakano em 02/04/2011
Reeditado em 30/04/2011
Código do texto: T2885677
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