A Clínica

Todos na clausura.

Para alguns,

Um tempo de espera para a cura

Para outros um tempo de reflexão

Há quem se sente numa prisão.

Todos medicados.

Loucos eram taxados

Será?

Médicos entram, conversam, medicam

E saem satisfeitos por fazer a sua parte

Fizeram?

Histórias e comportamentos mirabolantes

Consumo de drogas

Por desespero?

Ou por ir atrás de um companheiro?

Juventude sem ambição

Sem um propósito de vida,

Sem uma bandeira em punho, assim erguida

Se entregam às drogas então.

Uma mulher deprimida

Seu maior desejo era morrer

Tinha tudo na vida,

Mas não era suficiente. A única saída: perecer.

Aquela outra.

Aquela que andava de um lado para o outro

Com o rosto marcado por rugas profundas

Qual será o desgosto?

Homens feitos, todos dopados

Por comportamentos estranhos (o que se pode chamar de estranho?)

Se sentavam num canto, acuados.

E todos taxados de loucos. Será?

A regra pré estabelecida dita um comportamento normal

Fugiu daquela regra, você é um marginal.

O que leva toda essa gente

A sentir o que sente?

Ainda não foi descoberta a cura ou o remédio eficiente

Para curar os males da alma

Dopa-se o corpo, conversas vagas. Decentes?

E assim segue a vida da clínica.

Uns saem sorridentes,

Mas tornam a voltar, às vezes como indigentes.

Outros estão curados.

Como pode esta afirmação,

Com tamanha pretensão,

Ditar que a volta à normalidade (que normalidade?)

É a cura da desigualdade?

É a cura da carência?

Da vida sem perspectiva,

Da ausência?

A maior sensibilidade

Nos tira da pseudo normalidade.

A maneira de agir de cada um

É diferente de pessoa pra pessoa.

Cada um com uma resposta diferente

Isso não é loucura, é gente!

Todos nós,

De louco temos um pouco.

Alma Collins
Enviado por Alma Collins em 11/11/2006
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