Primeiro de abril
Dia 1º de abril deveria ser considerado também como dia do escritor, pois todo escritor mente com naturalidade ou, como disse PESSOA, é um fingidor. Não precisa ser poeta para mentir, aliás, vou mais longe, nem mesmo precisa escrever ficção. Para ser um fingidor, basta contar uma história, um causo, um sonho... Há quem odeie mentira, não faça distinção entre grande mentira ou mentirinha risonha. Sente, ao ouvir uma mentira, como se dela participasse ou fosse traído em sua boa vontade. Mas o que é a ficção, senão uma mentira bem contada? Uma mentira que nos entretém, encanta, enternece ou que nos incomoda, enfurece, instiga.
Digo mais! Não são apenas os escritores, os poetas, os pescadores, os assadores de churrasco que mentem. Todos mentem! Uns, por força do ofício, outros, por costume. Alguns, por terem pouco o que fazer, fingem para si mesmos que nunca mentiram. Quando contamos um sonho a alguém jamais contamos exatamente como aconteceu, pois é natural do sonho ser, em parte, esquecido. Haverá melhor exemplo do que uma história de dor, contada várias vezes pelo sofredor, e que vai perdendo a força esmagadora por conta do esvaziamento que a repetição permite?! Pela vigésima vez, já não é mais a mesma história; como dramalhão, já até pode divertir.
Não acredite em mim, recorra ao dicionário que, dizem, não mente! Apague a palavra “mentira” e terá passado a borracha em “ilusão”. Tudo é uma questão de palavra! Por isto não lhes dê tanta importância... Palavras sabem que, neste dia consagrado à mentira, posso até dizer que é também o dia do escritor. Hoje não é dia de acreditar em nada.
Dia 1º de abril deveria ser considerado também como dia do escritor, pois todo escritor mente com naturalidade ou, como disse PESSOA, é um fingidor. Não precisa ser poeta para mentir, aliás, vou mais longe, nem mesmo precisa escrever ficção. Para ser um fingidor, basta contar uma história, um causo, um sonho... Há quem odeie mentira, não faça distinção entre grande mentira ou mentirinha risonha. Sente, ao ouvir uma mentira, como se dela participasse ou fosse traído em sua boa vontade. Mas o que é a ficção, senão uma mentira bem contada? Uma mentira que nos entretém, encanta, enternece ou que nos incomoda, enfurece, instiga.
Digo mais! Não são apenas os escritores, os poetas, os pescadores, os assadores de churrasco que mentem. Todos mentem! Uns, por força do ofício, outros, por costume. Alguns, por terem pouco o que fazer, fingem para si mesmos que nunca mentiram. Quando contamos um sonho a alguém jamais contamos exatamente como aconteceu, pois é natural do sonho ser, em parte, esquecido. Haverá melhor exemplo do que uma história de dor, contada várias vezes pelo sofredor, e que vai perdendo a força esmagadora por conta do esvaziamento que a repetição permite?! Pela vigésima vez, já não é mais a mesma história; como dramalhão, já até pode divertir.
Não acredite em mim, recorra ao dicionário que, dizem, não mente! Apague a palavra “mentira” e terá passado a borracha em “ilusão”. Tudo é uma questão de palavra! Por isto não lhes dê tanta importância... Palavras sabem que, neste dia consagrado à mentira, posso até dizer que é também o dia do escritor. Hoje não é dia de acreditar em nada.