E Se Aquela Ditadura Voltasse? (Como nossos pais)
Amargo passado, com as paredes da memória pichadas com tintas pretas, assim: “Abaixo a ditadura”, “Amanhã vai ser outro dia”, “Diretas já”, etc. As imagens manchadas pelo sangue de heróis, lembranças tristes, em livros didáticos hoje em dia, como o caso do jornalista Herzog torturado no QG do II Exército em 1975, registrado na fotografia. Mas se voltasse a ditadura novamente?
As mídias seriam cortadas em todos os setores, como o jornal, o radio, a revista, a TV e a internet, uma censura geral; proibições de manifestações populares, protestos e greves; as eleições totalmente manipuladas e não haveria o direito de votar; o toque de recolher dentro de suas casas em todas as idades; os partidos seriam desintegrados, criação de apenas um partido; Qualquer um poderia ser preso sem acusação formalizada ou ordem judicial; o banho de sangue voltaria com maior onda; Tornaram interditos ou atrelados todos os sindicatos ao domínio da ditadura; alienação populacional, anestesiado como se nada acontecesse e as classes artísticas e políticas teriam três destinos: Prisão, morte ou exílio. Cruel? Demais!
Hoje eu sei quem me deu a lição de ter a possibilidade de uma nova consciência e uma juventude original, não há clichê de agora, cabeças vazias, uma vida de cópia do outro, da tendência da modinha, poupe-me dessa vergonhosa geração! Seguindo, são as músicas, guardadas no meu computador, canções com vida própria, cantadas por línguas sem medo e afiadas, exemplos: “Hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão” Chico Buarque é um dos maiores símbolo de resistência à ditadura, trecho da música “Apesar de você”, com uma linguagem, a qual, no primeiro momento transmite uma canção sobre relacionamento, porém, uma marca da contra ditadura, ficou-se como o hino, e tocou no rádio e não fora percebida por militares; “Pai, afaste de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue, como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta...” Outra música de Chico com o Gilberto Gil, Cálice tem uma expressão igual ao Cale-se, aludindo a uma fantasia religiosa; “Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos, de armas na mão”. Interpretando, o que faz um soldado agredir e torturar outro irmão que, por sua vez, luta para o bem do seu país, poeticamente, um trecho da letra composta e interpretada por Geraldo Vandré.
Minha dor é perceber que apesar de tudo que já foi feito e eles o fizeram. Mas se acaso tivesse o retorno, talvez, como seria a revolução? Bom. Sentados em frente à TV ou internet, estranho, para heróis que correram nas ruas como os nossos pais. Pois pensa, alguns brasileiros de hoje não tem a força dos de ontem, veja, se não dá a mínima para corrupção, imagina uma ditadura.
Em suma, “E se?” é muito incerto, e os dias variáveis dão medo, em todo o caso, um tema que nunca poderá ser negligenciado, portanto, visa-se a ir além de livros didáticos, pois, o mundo é território perigoso e a proteção daqueles que ainda quer nos machucar é importante, pois, vai que nasce outro com bigode curto, e quando suceder, levanta-te, tenha coragem e desperta a espada e a malandragem para o caminho. Repito, se retornar os muros e os moinhos, vá! Porque, pense companheiro, um dia teremos nossos filhos e queremos deixá-los em um Brasil livre, onde possam pintar o seu arco-íris, mostrar suas idéias e sua arte, sem receio, como nossos pais nos deixaram.
Baseado nas canções “O cavaleiro e os moinhos” e “Como nossos pais”, no disco “Falso Brilhante” de 1976, da majestosa Elis Regina.