Inebriante melancolia

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Sempre achei maravilhosa a sutileza das folhas em uma dança com o vento. A natureza é um bálsamo. Da janela observo as montanhas... Mas agora percebi que quando nos sentimos perdidos tudo faz mais sentido.

Passei algum tempo a meditar sobre minha vida e, pasmem, eu perdi meu rumo. O que eu quero fazer amanhã? Não sei. Eu que sempre repeti Einstein com "Nunca penso no futuro, ele chega rápido demais" comecei a me sentir um grão de areia no deserto.

Em algum momento na vida percebemos que estamos sozinhos diante das nossas decisões, sendo este o motivo de não podermos culpar ninguém pela nossa falta de tato.

Nesse momento de epifania visualizamos os erros homéricos já cometidos. A diferença é que recuso o arrependimento, ele é inútil e me faria perder tempo mais uma vez.

Sêneca me apoiaria: "O homem que sofre antes do necessário, sofre mais que o necessário." Sim, caro Sêneca

Cai uma chuva fina... nuvens escuras e carregadas se manifestam. Trovoadas num distante-perto. Qualquer semelhança com meu estado de espírito seria casual?

A máxima de Gonçalves Ribeiro ecoa em minha mente: "Para quem nada espera, o pouco muito representa."

De repente, muitas frases, pensadores... E, tola que sou, começo a refletir sobre o tempo que me resta.

Me veio La Fontaine com: "Nas asas do tempo, a tristeza voa."

Por vez Saint-Exupéry: "Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos."

Se eu morresse amanhã teria deixado de viver e dizer muitas coisas. Sentiria saudade de muitas pessoas. Deixaria inúmeros planos inacabados.

Embora eu quisesse mudar o que sinto, não consigo. Sei que preciso encarar que falhei.

Falhei no amor, na amizade, nos sonhos... eu simplesmente falhei.

A verdade é que ando acumulando decepções, sendo a maior delas comigo mesma.

Já é o bastante para recolher-me e ouvir música o mais alto que conseguir.

A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição. (Aristóteles)

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 30/03/2011
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T2879614