Simplesmente Flor

Simplesmente Flor

Hoje recebi um elogio. Me chamaram de flor.

Comecei a refletir sobre isso. Adoro flores.

Simplesmente flor.

Flor sou, flor estou. Estou na flor da idade.

Minha flor está em constante mutação. Ora é uma linda orquídea ora é um cactus.

Alguém cuidou mal de meu jardim e não tenho alguém que cuide de mim. Só eu mesma. Eu sou meu ar, minha água.

Meus filhos que são meu solo, minha sustentação para todo dia acordar e seguir em frente.

(Ih! Já tô filosofando de novo...)

Melhor eu deixar aqui uma reflexão sobre flores porém desconheço a autoria.

Quando as flores se calarem diante de nossos olhos surdos

e o perfume desaparecer de nossas narinas

talvez sejamos capazes não mais de perceber a vida

mas conscientizarmo-nos, ao menos,

de que aquilo que agora temos

não passa de mera sobreviência

porque o silêncio das flores é o silêncio das almas

a ausência do perfume é o vazio do espírito

a incapacidade de vermos a flor que se resseca

diante de nossos olhos

a flor que se esvai em pálidas pétalas

é nossa incapacidade de sentir a vida

de tirar da existência ainda algum alento

alguma utópica explicação para este todo já vazio

deste todo autodestrutivo

porque vem das flores a verdadeira beleza

é delas que emanam a sensibilidade

e a fragilidade tão necessárias à vida

mas se flores já não há

como havemos nós inundados de alguma vida?

restam-nos as pedras e os espinhos e as sementes mortas

no solo árido do corpo ressequido que nos é esmolado

neste dia-a-dia em que nos danamos

neste cotidiano em que nos enganamos

ficcionando que somos alguma coisa

além do trágico e do medo que nos consome.

Luciana Bettoni SouALucianaB
Enviado por Luciana Bettoni SouALucianaB em 30/03/2011
Reeditado em 30/03/2011
Código do texto: T2879611
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.