O preço de ser educado
Ser educado e paciente é bom e, nos tempos de hoje, em que a grosseria é um problema cada vez mais comum, uma qualidade admirável mas, infelizmente, tem um preço. As pessoas acabam esperando que sejamos sempre amáveis e terminamos com a obrigação de ser pacientes o tempo todo. Quando suportamos demais a falta de educação alheia, os outros acabam agindo como se não tivessemos o direito de nos chatear ou ficar irritados. Ora, somos seres humanos e não temos a obrigação de ser perfeitos mas, meu Deus, quanta gente esquece que nós não queremos só ouvir e aguentar os outros. Também queremos ser ouvidos e receber um tratamento amável. Uma vez, uma colega ficou me azucrinando, falando demais enquanto eu queria assistir a um filme e fazendo perguntas sobre o meu cabelo. Eu fiquei pensando: "Não vê que não quero conversar, idiota?"
Vê-se que não sou santa. Sou um ser humano como outro qualquer e tenho meus dias difíceis, em que estou intolerante. Também há o problema de muitos acharem que somos idiotas e não lutamos por nossos direitos. Ou seja, ser gentil é ser besta, boboca mesmo. O pior é quando alguém nos dá umas alfinetadas porque, por alguma razão, implica com nosso jeito de ser. Aconteceu quando perguntei a uma moça se ela gostava de ler e ela respondeu:"Eu gosto é de viver."O que ela quis dizer? que eu era uma boba que não vivia, só sabia ficar com os olhos nos livros. Se deu vontade de responder? Deu, mas não respondi. Por educação. Talvez ela não tivesse me falado com tanto desdém se eu fosse grosseira e insensível. Que eu saiba, educação não é ser idiota e sensibilidade não é fraqueza. Mas, que fazer? quando se é sempre educado, sentem-se na liberdade de nos aporrinhar e falar grosseiramente porque sabem que dificilmente reagiremos. É o preço a se pagar por sempre pensar nos outros.
Isso me leva a perguntar o que devo fazer para que entendam que não sou uma lerda que não tem sangue nas veias.