MORADORES DE RUA
Hoje cedo fui à igreja. Ao sentar num dos bancos daquela casa de oração, vi, pela porta, dois moradores de rua acabando de acordar sobre o papelão fino que usaram, como se fosse colchão, para aplacar a umidade da noite relenta sob as asas do tempo.
São considerados lixo da sociedade. Termo pejorativo aplicado em semelhante nosso. Isso vem da própria sociedade que o empurra para a marginalidade e nada faz para minorar o sofrimento desses seres humanos.
São sofredores potenciais. Não acham um olhar de carinho, de amor. Só de reprovação e desprezo. Estamos tão acostumados a ver os moradores de rua que não damos a devida atenção para o grito surdo deles. É como se fosse muito natural, porém chega um momento que a sensibilidade paira sobre nós e vem à pergunta o que posso fazer?
Meditei: como eles precisam de ajuda! Por que estão nessa situação? Desprezo da família? Doença incurável? Bebida? Ou por vontade sua por motivos particulares?
Não é justo que um ser humano pensante possa viver em tamanho abandono, comendo do lixo, vivendo de intrigas, cheirando mal, difícil de conviver!
Muitos vão para a rua por motivos familiares, tais como espancamento por pai, mãe, irmãos, padastro, madrasta, etc. Outros por uso de drogas falta de emprego e até por problemas com a justiça.
Falta participação do governo? Sim. Onde estão os programas sociais que possam alcançar essa gente? Ninguém sabe. Se o governo não atua competentemente, precisamos encontrar meios para resolver essa questão. Como fazer isto? Unindo forças. Buscar ajuda do poder público. Visitar periodicamente essas pessoas, estudar caso a caso e enviar para as entidades competentes para o tratamento adequado. Não basta enchermos a barriga deles por ocasiões das festas religiosas. Eles precisam de vida digna todos os dias. Não podemos ficar de braços cruzados. É um ser humano que pede socorro no silêncio de sua piedade.