Acreditar em Superstições é uma Superstição
Se tem uma coisa que me intriga é gente que acredita em superstição. Essa história de não passar por debaixo de escada e jogar sal por cima do ombro é inútil. Sem falar que desperdiçar sal é se arriscar a ficar sem tempero.
Minha amiga é daquelas que poderiam escrever um livro devido a tanta superstição. Suas manias poderiam até ser confundidas com TOC, mas você percebe que é bobagem só de ficar no mesmo ambiente que ela por uns poucos minutos.
A primeira coisa que faz ao acordar, é botar o pé direito no chão. Se botar o esquerdo, ela desiste de arrumar o cabelo. Sabe que o azar não vai deixar o secador colaborar.
Depois ela bate três vezes na madeira da porta do quarto. Se se esquecer disso, ela suspira resignada: o ovo vai passar do ponto, o café vai queimar sua língua e ela só encontrará um dos sapatos. O outro só será encontrado na semana seguinte.
O próximo passo em seu ritual de superstição é tocar sua santinha de devoção. Se, por um acaso, sua descordenadez habitual lhe fizer derrubar a santinha em cima do telefone, que fará um barulho estridente programado para iniciar sua máquina de lavar roupa que, por sua vez, fará a parede chacoalhar derrubando o último espelho intacto de sua casa, ela abandona tudo e volta para a cama.
Afinal de contas, aquele vai ser um dia bem azarado.