Foi bom...foi muito bom...

O sofrimento nos aproxima de Deus.

Muitas vezes não compreendemos o porquê, do sofrimento fazer parte de nossas vidas. Mas o fortalecimento da nossa fé, a construção do nosso caráter, a edificação dos nossos ideais, se baseia também no ato de sofrer os muitos tipos de sofrimentos que encontramos ao longo do nosso caminhar. O sofrimento nos conserva humildes, dependentes de Deus. As aflições por que passamos fazem-nos conhecer o nosso próprio coração,nos revelam pontos negativos do nosso caráter, revelam os nossos defeitos. Então pelo apego a Deus, vamos nos aproximando cada vez mais, do alvo a nós proposto, que é na verdade ser perfeito como perfeito é o nosso Deus.

Claro que eu sei que na verdade ninguém, nem mesmo eu, gosto ou quero sofrer, mas a vida, não raro, nos apresenta como um grande palco de sofrimento e dores. O sofrimento se apresenta como uma espécie de enigma que ultrapassa a nossa capacidade de entender. Quando tudo esta bem, quando nos sentimos dominar tudo ao nosso redor, tudo em nosso interior, parecemos ser poderosamente inatingíveis e capazes de enfrentar tudo e todos. E esses sentimentos nos preenchem de tal forma, que não encontramos espaços para pensar em Deus, em quem de fato nos proporciona meios para vivermos assim, para participarmos destes acontecimentos, que são momentâneos, e que o nosso egoísmo faz-nos ficar cegos. E cegos não percebemos que é um momento curto, breve e que logo será acometido de algo que o abalará em sua estrutura ilusóriamente inatingível.

Porque?

Simplesmente porque Deus quer o seu espaço em nós, em nossa vida, nos acontecimentos que fazem parte da nossa existencia.

Caminhamos sempre buscando.

Buscamos...buscamos...buscamos e não sabemos o que...mas buscamos...

Essa busca incessante e incompreensível a nós um dia nos será clara e compreensível, bem como o sofrimento que nos segue pela vida a fora.

O sofrimento nos faz buscar um aprimoramento total de nós mesmos com nós mesmos e com os demais, porque ele nos amadurece, abre nossos olhos, abre nossos ouvidos, escancara as portas e janelas da nossa mente, da nossa alma, do nosso espírito.

Temos por natureza um espírito contrito, fechado ao que nos é obscuro, desconhecido, e o medo caminha lado a lado forçando-nos a sermos cada vez mais introspectivos e com isso vamos perdendo a sensibilidade dos nossos sentidos, a nossa percepção humanamente divina, a nossa intuição genuínamente empírica, e com isso nos distanciamos de Deus.

Sinceramente hoje eu compreendo e agradeço o sofrimento que fez parte de toda a minha existência. É para mim fato aceito, conclusivo para o fortalecimento da minha fé. Deus participa de nossas vidas, nos impulsionando a nos aperfeiçoarmos.

Nisso tudo ainda tem algo que é de fato muito interessante para mim. As almas mais nobres e as vidas mais sublimes são exatamente as mais tentadas.

Porque será?

As almas mais nobres são mais desprovidas de armaduras, são mais embebidas de inocência. Pessoas assim são dotadas de um olhar menos pormenorizado no sentido materialista da vida. Elas tem uma visão mais transendental da vida, dos outros e de si própria. por isso tornam-se mais frágeis e vulneráveis. Tornam-se mais fracos.

Acredito que a fraqueza é o único meio de sermos conscientizados da real dependência de Deus, da real e marcante necessidade de irmos descansar nos braços dele. As fraquezas sempre abrem portas para a nossa dependência de Deus e nos mantém submissos à sua vontade e a sua graça.

O sofrimento não é uma manifestação de tortura divina, mas uma bênção especial enviada para o desenvolvimento da experiência cristã autêntica. Os espinhos nos levam a aprender que Deus nos procura incessantemente, que Deus usa essas coisas para produzir os preciosos frutos, que crescerão no pomar que ainda desconhecemos, mas que nossa fé nos faz crer que iremos sim, vir a conhecer e usufruir do sabor de frutas deliciosas. Frutas como a sabedoria, a humildade, a unicidade, a veracidade do que somos e pra onde vamos, e porque sofremos para alcançar tudo isso.

Acredito que o mais correto seja o que esa frase nos revela.

"Foi-me bom ter sido afligido para que eu aprendesse os teus decretos".

" Foi bom ter caído, e ter sido levantado por teus braços"

" Foi muito bom eu ter me perdido, para você ter me encontrado.