CALDEIRÃO DE EMOÇÕES

Que bom voltar a este espaço!

Estive sumida por uns meses, refleti, mudei de nome, mas continuei inquieta, precisando extravazar este turbilhão de pensamentos que teimam em fugir de mim e correr pro papel. Parei por precisar de um tempo para outras atividades, mas a cabecinha não para de maquinar e o coração de palpitar.

Não é fácil definir um sentimento, o que dizer de uma centena deles, misturados, revirados e embolados dentro de um recipiente só - o coração - ou a mente, como preferem os menos românticos.

Este caldeirão de emoções está presente naquele que ama, amou ou nunca desiste de procurar o amor. O preparo começa com o fogo, aquela pequena centelha, que o tempo faz transformar em generosa chama.

No princípio água fria - timidez, insegurança, receio, descobertas...

Aos poucos o calor vai aquecendo os ingredientes que começam a boiar indecisos, inquietos, revoltos - carinho, admiração, desejo, urgência...

Quando a mistura entra em ebulição, o cozido não cabe mais no caldeirão, pulula, desenha cambalhotas, transborda incontinente - é a paixão que não cabe dentro de si mesma!

Parece que será assim eternamente, a não ser que alguma mão desavisada, desligue a chama abruptamente. Aí a paixão não conhecerá o amor, permanecerá naquele estágio em que o sabor é cru, a consistência é dura, e deixará a sensação de que não se chegou lá.

Ou por outra, diminui-se a chama para que o ponto de ebulição fique estável, arrefeça, sem sobressaltos, preparando a refeição que será servida "al dente", perfeita, para ser saboreada aos pouquinhos, sem pressa, como num ritual.

Chega-se então, à receita perfeita, ou à perfeição dos sentimentos: o verdadeiro amor!