No boteco "mosca feliz" se curando da neurose
- Pois é, vou repetir, acho que já lhe disse isso mil vezes. Há certas frases que salvam um angustiado.
- Sei, sei, você até já me deu vários exemplos. Aquele médico clínico, médico de família, se tornou mestre em contar histórias que acabavam de vez com a perturbação de seus clientes .
- É isso aí, cara, lembra daquela cliente desse médico americano que sofria de um enorme complexo de inferioridade por ter pés tortos? Quando o médico contou a história do homem que não tinha pés, a moça do pé torto ficou curada na hora.
- Até concordo que isso possa acontecer com fatos dolorosos da vida de alguém, coisas concretas: a perda de um amor, a morte de um ente querido, coisas assim que num simples olhar para o lado, acabamos por encontrar coisas piores tornando os nossos males pequenos dissabores. Mas o mesmo não acontece com as coisas abstratas, por exemplo: uma angústia existencial, aí, amigo, o buraco é mais embaixo, concorda?
- Concordo. Realmente, um desses perturbadinhos que resolve achar o significado da vida, o que ele está fazendo na terra e por que existe o universo , vai mesmo ser uma barra ele se encontrar. Lembro-me de uma época que virou moda o cara procurar o seu verdadeiro eu, nunca tanta gente se perdeu procurando o seu “eu”.
- Então, compadre! Um cara desses é mais sofisticado, embora reconheça que é um tremendo maluquinho. Contar historinhas pra boi dormir, contar a estória do homem que nasceu sem pernas, sem braços, isso não vai colar, não!
- Aí é que tá, amigo, você nunca ouviu falar que a literatura também pode curar esses infelizes?
- E pode?
- Claro, rapaz, a psicologia hoje até se serve da filosofia. É só dar um banho de filosofia no desvairado! Hoje já temos a terapia filosófica prática e existem vários cafés filosóficos na internet. E vou dizer mais: os melhores terapeutas nessa área são os cariocas e nos EEUU, os nascidos em Nova York. O riso é a terapia do futuro. Há um estudo recente que confirmou a presença de excesso de serotonina nos cariocas, provocando o excelente humor nessa turma, isso já está provado.
- Você deve estar brincando, querendo me animar, pois eu tenho um problema com a realidade que angustia muito o meu viver, com aquela dúvida, sabe? E se a realidade for uma ilusão?
- Ô Fernandinho, essa é mole resolver, por que você não me falou logo que estava com esse problema? Por coincidência, você está com sorte, um cômico, exatamente de Nova York, desmoralizou com este tipo de angústia em dois tempos, quando ele filosofou mais ou menos assim: “ a realidade pode ser uma ilusão, mas é o único lugar onde podemos comer um bom bife!” Morou? Sentiu? Como diz um professor de inglês na internet, “o negócio é respirar fundo e esquecer. Isso é maturidade!”
- Você tá de gozação. Vamos almoçar que é o melhor que a gente faz.
Os dois amigos entram no restaurante popular “mosca feliz”.
- Ô Valdemar, qual a pedida de hoje?
- Dr. Fernandinho, aconselho um badejo assado maravilhoso!
- Não, Valdemar, hoje faço questão de um bom bife “a cavalo” e bem grosso!
- Mas o senhor gosta tanto de peixe!
- Você entende de filosofia, Valdemar?
- Nem sei o que é isso.
- Então, se liga e manda logo o bife!
- Pois é, vou repetir, acho que já lhe disse isso mil vezes. Há certas frases que salvam um angustiado.
- Sei, sei, você até já me deu vários exemplos. Aquele médico clínico, médico de família, se tornou mestre em contar histórias que acabavam de vez com a perturbação de seus clientes .
- É isso aí, cara, lembra daquela cliente desse médico americano que sofria de um enorme complexo de inferioridade por ter pés tortos? Quando o médico contou a história do homem que não tinha pés, a moça do pé torto ficou curada na hora.
- Até concordo que isso possa acontecer com fatos dolorosos da vida de alguém, coisas concretas: a perda de um amor, a morte de um ente querido, coisas assim que num simples olhar para o lado, acabamos por encontrar coisas piores tornando os nossos males pequenos dissabores. Mas o mesmo não acontece com as coisas abstratas, por exemplo: uma angústia existencial, aí, amigo, o buraco é mais embaixo, concorda?
- Concordo. Realmente, um desses perturbadinhos que resolve achar o significado da vida, o que ele está fazendo na terra e por que existe o universo , vai mesmo ser uma barra ele se encontrar. Lembro-me de uma época que virou moda o cara procurar o seu verdadeiro eu, nunca tanta gente se perdeu procurando o seu “eu”.
- Então, compadre! Um cara desses é mais sofisticado, embora reconheça que é um tremendo maluquinho. Contar historinhas pra boi dormir, contar a estória do homem que nasceu sem pernas, sem braços, isso não vai colar, não!
- Aí é que tá, amigo, você nunca ouviu falar que a literatura também pode curar esses infelizes?
- E pode?
- Claro, rapaz, a psicologia hoje até se serve da filosofia. É só dar um banho de filosofia no desvairado! Hoje já temos a terapia filosófica prática e existem vários cafés filosóficos na internet. E vou dizer mais: os melhores terapeutas nessa área são os cariocas e nos EEUU, os nascidos em Nova York. O riso é a terapia do futuro. Há um estudo recente que confirmou a presença de excesso de serotonina nos cariocas, provocando o excelente humor nessa turma, isso já está provado.
- Você deve estar brincando, querendo me animar, pois eu tenho um problema com a realidade que angustia muito o meu viver, com aquela dúvida, sabe? E se a realidade for uma ilusão?
- Ô Fernandinho, essa é mole resolver, por que você não me falou logo que estava com esse problema? Por coincidência, você está com sorte, um cômico, exatamente de Nova York, desmoralizou com este tipo de angústia em dois tempos, quando ele filosofou mais ou menos assim: “ a realidade pode ser uma ilusão, mas é o único lugar onde podemos comer um bom bife!” Morou? Sentiu? Como diz um professor de inglês na internet, “o negócio é respirar fundo e esquecer. Isso é maturidade!”
- Você tá de gozação. Vamos almoçar que é o melhor que a gente faz.
Os dois amigos entram no restaurante popular “mosca feliz”.
- Ô Valdemar, qual a pedida de hoje?
- Dr. Fernandinho, aconselho um badejo assado maravilhoso!
- Não, Valdemar, hoje faço questão de um bom bife “a cavalo” e bem grosso!
- Mas o senhor gosta tanto de peixe!
- Você entende de filosofia, Valdemar?
- Nem sei o que é isso.
- Então, se liga e manda logo o bife!