As crianças precisam de família
Uma tarde aconteceu de meu tio Pedro vir para um cafezinho. E na mesa haver bolo de fubá. Os meninos mais velhos que eu podiam sentar à mesa com os adultos – meu pai, com suas conversas de pescaria; minha mãe, apenas o olhava com devota atenção. Meu irmão mais velho, vez ou outra, até arriscava em dar continuidade à narrativa de uma pescaria no inverno passado...
Do que me lembro, daquela tarde, ficou um ar de família entre meu tio e nós pequenos. Ele é uma pessoa muita calma e cheia de atenção para com a gente – disse minha mãe quando o vi sair pela porta. Por que ele nunca mais voltou? – pensei eu muitas vezes em criança. Teria se zangado por meu pai ter nos abandonado meses depois de sua visita? Eu senti na época que família é algo que desaparece.
E sei hoje que um dos maiores crimes que se pode cometer é deixar uma criança se sentir perdida e abandonada. Quando alguém decide partir da vida em família, deve ter consciência de que a maior vítima são as crianças.
E nunca eu descobri como superar isso.