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Eça de Queirós o homem da Cidade e das Serras: inesquecível!

"Eça de Queirós: Um homem que escreveu sobre a tecnologia de uma cidade que arrebanhava os sonhos dos turistas, mas, que trazia ao seu morador o cansaço físico e mental imposto pela modernidade e deste modo, o leva para as serras reabastecer do convívio acalentador da natureza e da simplicidade que a envolve!"

Ana Marly de oliveira Jacobino

O espetáculo que movimentou os palcos do Teatro Municipal em Piracicaba, ontem a noite (24/03) é uma adaptação do romance de Eça de Queiroz: “A Cidade e as Serras” - desenvolvimento do conto “Civilização” do próprio autor - que foi publicado em 1901, após sua morte. Levanta questões a respeito da importância da simplicidade em nossas vidas e ainda, critica o consumismo desenfreado presente na segunda metade do século XIX, quando da descoberta da energia elétrica e do desenvolvimento de novas tecnologias.

“A Cidade e as Serras” conta a história do intelectual Jacinto, apresentada por José Fernandes, o seu melhor amigo. Os episódios parisienses são abundantemente coloridos, onde são apresentados alguns episódios divertidíssimos relativos às falhas da tecnologia com os quais se pretende demonstrar a falibilidade da obra humana. O lirismo bucólico do autor português e o excepcional trabalho dos artistas envolvidos no projeto aproximam-nos da concepção humanista de Rousseau de que o homem, ao nascer “animal”, é realmente bom e que é a sociedade que o corrompe, sendo o grau de corrupção tanto maior quanto maior o grau de “civilização”.

José Maria de Eça de Queirós nasceu em novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da cidade; foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1826.Uma das teses para tentar justificar o facto dos pais do escritor não se terem casado antes do nascimento deste sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos.

Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna.

O seu pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.

Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados avulso na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras.

Em 1866, Eça de Queirós terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora. Porém continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.

Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cõnsul em Paris.

A Ilustre Casa de Ramires, foi Seu último livro sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.

Eça de Queirós morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly, perto de Paris. Teve funeral de Estado. Está sepultado em Santa Cruz do Douro.

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João Gaspar Simões, Eça de Queirós: o homem e o artista. Lisboa / Rio de Janeiro: Dois Mundos, 1943.

a b João Gaspar Simões, Eça de Queirós Lisboa: Arcádia, 1961.

João Medina, Eça de Queirós e o seu tempo, Livros Horizonte, lisboa, 1972