Meninos Folgados!


– Ai, dona Zuleica! Esses seus meninos tão muito folgados!
– Folgados como, Helena?
– Vixe! Fazem nada do que eu mando! Tenho que ficar no pé! Tá uma luta para fazer dever de casa. Não querem comer legume! Se deixar, nem banho tomam.
– É, Helena! Tem que ter paciência...
– Que paciência que nada! Fosse lá na minha terra, dava logo uns catiripapos que acabava essa inana!
– Que isso, Helena? Vai bater nos meus meninos?
– Tá doida, dona Zuleica!? Vê lá se eu quero aparecer na televisão como espancadora de menino, igual umas que a gente vê no jornal, que os patrões põe câmera escondida?
– Já pensou? Ai, que vergonha que a sua mãe ia ter de você!
– Ia nada! Minha mãe batia muito na gente. Mijou fora do penico, era o chinelo chispando na nossa bunda! Chlap-chlep. E se chorasse, apanhava mais para aprender a não fazer manha.
– É... Eram outros tempos... Educação pela pedra!
– Não! Pedra ela nunca jogou na gente, não...
– Não, Helena! Eu quis dizer que...
– Eu, sei, dona Zuleica! Tava brincando...
– Ah, tá! Você não perde a oportunidade, né?
– É! Mas, voltando aos meninos...
– Sim! Pode deixar. Vou falar com eles. Eles têm que te respeitar.
– Tá! Mas, e se não der certo?
– Joga umas pedras neles.
– Vixe!
– Brincadeira, Helena! Se não der certo, fala comigo. Boto no castigo. Corto internet, TV a cabo...
– Ih!
– O que foi?
– Acho que eles vão preferir as pedradas...

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Educação pela Pedra
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