Akira Kurosawa e as Usinas Nucleares
Tenho sempre revisto o filme Sonhos, de Akira Kurosawa (1910 – 1988). Cada vez mais, descubro arte, mensagem, além de aulas de Antropologia Cultural, deste Mestre do Cinema, sobre costumes, valores e tradição da sua bela terra, o Japão. Às vezes, em outras terras, mais próximas a ele, como é o caso do apoteótico Dersu Uzala, filme poético de tema ecológico, rodado na Rússia, quando este imortal da sétima arte se viu perseguido pelos grupos econômicos nipônicos, exilando-se naquele país. Negar-lhe condições para fazer cinema rendeu-lhe até tendência ao suicídio. Foi o caso de Sonhos, que, como Kagemusha, foi produzido com recursos, arrecadados pelos admiradores Coppola, Lucas, Scorcese e Spielberg.
Quando os artistas se sublimam através da arte, tornam-se, entre tantos ordinários, homens extraordinários. Hoje, a triste realidade e os maus-tratos com os valores prometem, potencialmente, poucos jovens para substituírem vultos históricos, homens heróis, filósofos, magnânimos políticos, cientistas, guias religiosos, artistas e tantas outras genialidades, que a humanidade tem nos dado cada vez menos. Mesmo assim, ninguém é insubstituível, até aqueles que argumentam o contrário para eternizarem seu privilegiado “status quo”. Os artistas geniais, completos em arte e mensagem, transformam-se em profetas, como Kurosawa. Os sonhos do “Sonhos” (Dreams), se criticam a realidade, são reais; enquanto apenas sonhos, irreais, mas proféticos. Temíveis profecias com forte probabilidade de que, hoje ou amanhã, acontecerão.
No sexto episódio deste filme, vê-se, de início, uma multidão em fuga, desesperada, correndo das explosões que incandescem o monte Fuji, a oeste de Tóquio. Pergunta um jovem a uma mãe aflita, que não sabia como e aonde carregar suas crianças: - O Fuji entrou em erupção? Respondeu-lhe a mulher, atônita: ” - Bem pior do que isso, a Usina Nuclear explodiu”. Arrependido, um dos responsáveis pelas usinas lamenta:” - Os seis reatores atômicos estão explodindo um a um... O Japão é tão pequeno, não há como escapar”. E prossegue, explicando que as nuvens radioativas atacariam em cores de plutônio 239, espalhando câncer pelo corpo; de estrôncio 90, provocando leucemia; e, as de césio 137 matariam lentamente, mas antes fariam nascer, nos sobreviventes, monstruosidades. Esta profecia vem acontecendo, leiam os jornais do mundo: “A Usina Nuclear de Fukushima, uma das 55 no Japão, explode”. Os filmes de Akira, a Usina de Chernobyl e outras tragicidades nucleares não convenceram esses “líderes políticos” não produzirem radioatividade sobre nós. Para nos protegermos de todas as usinas, a terra é menor do que o Japão. Segue a notícia de que muitos países, conservando as construídas, suspenderão a construção de novas usinas. Por enquanto, o terremoto e o tsunami, no Japão, os convenceram desta suspensão.
Tenho sempre revisto o filme Sonhos, de Akira Kurosawa (1910 – 1988). Cada vez mais, descubro arte, mensagem, além de aulas de Antropologia Cultural, deste Mestre do Cinema, sobre costumes, valores e tradição da sua bela terra, o Japão. Às vezes, em outras terras, mais próximas a ele, como é o caso do apoteótico Dersu Uzala, filme poético de tema ecológico, rodado na Rússia, quando este imortal da sétima arte se viu perseguido pelos grupos econômicos nipônicos, exilando-se naquele país. Negar-lhe condições para fazer cinema rendeu-lhe até tendência ao suicídio. Foi o caso de Sonhos, que, como Kagemusha, foi produzido com recursos, arrecadados pelos admiradores Coppola, Lucas, Scorcese e Spielberg.
Quando os artistas se sublimam através da arte, tornam-se, entre tantos ordinários, homens extraordinários. Hoje, a triste realidade e os maus-tratos com os valores prometem, potencialmente, poucos jovens para substituírem vultos históricos, homens heróis, filósofos, magnânimos políticos, cientistas, guias religiosos, artistas e tantas outras genialidades, que a humanidade tem nos dado cada vez menos. Mesmo assim, ninguém é insubstituível, até aqueles que argumentam o contrário para eternizarem seu privilegiado “status quo”. Os artistas geniais, completos em arte e mensagem, transformam-se em profetas, como Kurosawa. Os sonhos do “Sonhos” (Dreams), se criticam a realidade, são reais; enquanto apenas sonhos, irreais, mas proféticos. Temíveis profecias com forte probabilidade de que, hoje ou amanhã, acontecerão.
No sexto episódio deste filme, vê-se, de início, uma multidão em fuga, desesperada, correndo das explosões que incandescem o monte Fuji, a oeste de Tóquio. Pergunta um jovem a uma mãe aflita, que não sabia como e aonde carregar suas crianças: - O Fuji entrou em erupção? Respondeu-lhe a mulher, atônita: ” - Bem pior do que isso, a Usina Nuclear explodiu”. Arrependido, um dos responsáveis pelas usinas lamenta:” - Os seis reatores atômicos estão explodindo um a um... O Japão é tão pequeno, não há como escapar”. E prossegue, explicando que as nuvens radioativas atacariam em cores de plutônio 239, espalhando câncer pelo corpo; de estrôncio 90, provocando leucemia; e, as de césio 137 matariam lentamente, mas antes fariam nascer, nos sobreviventes, monstruosidades. Esta profecia vem acontecendo, leiam os jornais do mundo: “A Usina Nuclear de Fukushima, uma das 55 no Japão, explode”. Os filmes de Akira, a Usina de Chernobyl e outras tragicidades nucleares não convenceram esses “líderes políticos” não produzirem radioatividade sobre nós. Para nos protegermos de todas as usinas, a terra é menor do que o Japão. Segue a notícia de que muitos países, conservando as construídas, suspenderão a construção de novas usinas. Por enquanto, o terremoto e o tsunami, no Japão, os convenceram desta suspensão.