CRÔNICA #055: CONHECENDO E RESPEITANDO OS NOSSOS LIMITES

É duro a gente ser jovem por dentro, mas, por fora, a coisa é bem outra.

Tenho 60 anos e vez por outra, me deparo com uma realidade que antes não percebia. Há coisas que infelizmente não podemos fazer como antes, apesar da teimosia e a boa vontade. Como Regina Duarte bem disse, precisamos reconhecer que os tempos mudaram e são outros. Precisamos entender e respeitar os nossos novos limites e nos contentarmos com aquela de “já fui nisso, bom naquilo”.

Não é vivermos na frustração, mas não nos frustrarmos pelo que não mais podemos fazer como antes. E fazermos bem o que podemos fazer. E há um elenco de inúmeras coisas que podemos fazer. Cabe a cada um descobrir e fazer o que bem pode, ser criativo, aprender uma arte, fazer e cultivar novas e velhas amizade etc.

Depois de voltar da ”oficina”, após uma semana hospitalizado, tentei fazer o que antes fazia em relação ao meu pomar e tive que me contentar (mesmo descontente) em vê-lo todo mal cuidado, com mato que dão nas coxas, e não poder mais fazer a capinagem que antes era o meu divertimento. Minha cidade sofre da falta de trabalhador, não por não tê-los, mas porque a grande maioria virou parasita e dependente do famigerado “bolsa família”. Ninguém quer mais trabalhar. É terrível.

Mas algo chamou bastante a minha atenção. Uma plantinha silvestre dominava o terreno bastante povoado por muitas delas. Também muitas ramagens e muitas tiriricas. Um mato cerrado. O que mais me chamou a atenção foi aquela plantinha. De uma flor pequena, semelhante à margarida. Após fecundada, em dois ou três dias há uma metamorfose. As pétalas caem, dando lugar a um fruto mais parecendo um ouriço, mas de singular beleza.

Ao retornar para minha casa, percebi minha roupa toda espeta por cada falso espinho daquela flor / fruto / ouriço. Pacientemente removi, um a um. Interessante é que o ato de me limpar e jogar os espinhos / sementes noutro lugar era a garantia que novas plantinhas nasceria e completariam o seu papel na natureza. De uma forma bem natural ela vai perpetuando sua espécie. Se animais ou pessoas passam por elas, o seu ciclo vital está garantido.

Fico a pensar que na vida há pessoas que, como aquela plantinha, grudam nas pessoas sem convite ou permissão e dificilmente nos livramos delas. Não são parasitas, mas precisam apenas de um pouco de atenção, de uma ajudazinha, uma certa orientação para que entendam o seu papel social e cumpram sua missão terrena. Se estivermos atentos, poderemos ser úteis a esses indivíduos, que não querem se aproveitar de nós, mas precisam apenas de um empurrãozinho para acertarem na vida e poderem justificar a sua passagem por aqui.

Você tem alguém assim por perto? Ótimo, parabéns! Você tem uma grande oportunidade de ser extremamente útil. O Senhor conta comigo e com você para fazer a Sua obra acontecer nesse lugar em que vivemos e que comumente nós chamamos de Terra.

Vamos lá! Mãos à obra!

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 24/03/2011
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T2868653
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