Elizabeth Taylor
"Seios apocalípticos"
Rchard Burton
1. Ah, este incorrigível saudosista!... Mas é muito bom ter saudade. Aproveito para transcrever o que o jornalista Janio de Freitas escreveu na orelha do livro Saudades do Século XX, do extraordinário Ruy Castro.
2. Se liguem: " Não chega de saudade, não. Chata é a nostalgia, saudade envenenada de tristeza. Só não tem saudade os que não perceberam o que foi bom. E com esses nada há a fazer".
3. Repito: é muito bom ter saudade! Saudade, por exemplo, de Elizabeth Taylor, que morreu no dia 23 de março de 2011, aos 79 anos, na fascinante Los Angeles, cidade onde, durante um mês, desfrutei de sua intimidade.
4. Andando por Beverle Hills, tem-se a nítida impressão de que, a qualquer momento, a gente cruza com uma estrela do cinema. Roda-se mais um pouquinho, e se chega a Hollywood, hoje vivendo, praticamente, das glórias do seu passado.
5. Mas me deixem falar um pouco sobre o cinema e eu. Para dizer - e me perdoem os cinéfilos - que nunca fui de ver filmes; de ir a tarde ou a noite ao cinema. Sempre gostei mais de teatros e de bons circos.
6. Invariavelmente, durante o filme, eu cochilo; o que pode significar uma ofensa monstruosa aos atores e atrizes que dão tudo de si, esperando receber críticas honestas ou efusivos aplausos dos espectadores que lotam as salas dos cinemas.
7. Pasmem! A última vez que entrei num cinema o fiz para fugir dos raios que caíam sobre São Paulo, numa daquelas suas tardes de irresponsáveis tempestades. Com medo dos relâmpagos e dos trovões, - estava em plena Avenida São João - busquei refúgio no primeiro cinema que encontrei. E, vejam, não encontrei a tranquilidade desejada: o filme que estava na tela era Guerra nas estrelas. Foi um sufoco.
8. Para não dizer que vivi a vida toda longe dos cinemas, houve um tempo em que não perdia os filmes da Atlântida.
9. Morava em Fortaleza. Aproveitando que meu pai era o gerente de um dos bons cinemas da cidade, tinha sempre uma poltrona à minha disposição para ver Aviso aos navegantes, O homem do sputinik, Carnaval no fogo, Nem Sansão nem Dalila, Este mundo é um pandeiro, e tantas outras sensacionais chanchadas que o tempo, lamentavelmente, está me fazendo esquecer.
10. Me divertia a beça com as tiradas inocentes do Oscarito, do Grande Otelo e do Ankito; e me empolgava com a lhaneza e os galanteios do Cyll Farney e do Anselmo Duarte.
Envolvia-me com a discreta beleza de Eliana, Fada Santoro, Sônia Mamede, Adelaide Chiozzo, e com a feiura angelical da Zezé Macedo.
11. Mas alguns filmes clássicos deixaram-me boas recordações. Cito dois: Assim caminha a humanidade, com Rock Hudson e a envolvente Elizabeth Taylor; e, claro, Cleópatra, onde, mais uma vez, brilhou Liz Taylor, agora com Rchard Burton.
12. Ainda cheguei, levado por uma companhia irrecusável, a ver um filme, não me recordo qual, estrelado por Ava Gardner. A condessa descalça, com Humphrey Bogart e Ava? Não sei!
13. Mas hoje é dia de Elizabeth Rosemond Taylor, nascida no subúrbio de Londres, no dia 27 de fevereiro de 1932, e que acaba de nos deixar. Posso dizer que ela e Rock Hudson me fizeram muitas vezes sonhar... nos meus, já taaaaaão distantes, tempos de rapaz.
14. Apesar dos contratempos que tumultuaram sua vida, Liz (apelido que ela detestava) dedicou parte de seu tempo às campanhas humanitárias. É conhecida a sua definida posição em favor dos aidéticos, livrando-os da odiosa discriminação que eles tiveram de enfrentar, tão logo a doença invadiu, particularmente, o meio artístico.
15. Um dos seus quatro filhos, Michel Wilding, vendo-a morta, declarou: "Minha mãe era uma mulher extraordinária que viveu a vida ao máximo, com muita paixão, humor e amor."
Não por acaso ela confessou: "Sempre admiti ser comandada por minhas paixões."
16. Elizabeth Taylor, uma mulher de muitos amores, e amada por muitos... Uma insuficiência cardíaca ceifou-lhe a vida. Mas, enquanto seu coração pulsou, ela amou... E amou pra valer!
"Seios apocalípticos"
Rchard Burton
1. Ah, este incorrigível saudosista!... Mas é muito bom ter saudade. Aproveito para transcrever o que o jornalista Janio de Freitas escreveu na orelha do livro Saudades do Século XX, do extraordinário Ruy Castro.
2. Se liguem: " Não chega de saudade, não. Chata é a nostalgia, saudade envenenada de tristeza. Só não tem saudade os que não perceberam o que foi bom. E com esses nada há a fazer".
3. Repito: é muito bom ter saudade! Saudade, por exemplo, de Elizabeth Taylor, que morreu no dia 23 de março de 2011, aos 79 anos, na fascinante Los Angeles, cidade onde, durante um mês, desfrutei de sua intimidade.
4. Andando por Beverle Hills, tem-se a nítida impressão de que, a qualquer momento, a gente cruza com uma estrela do cinema. Roda-se mais um pouquinho, e se chega a Hollywood, hoje vivendo, praticamente, das glórias do seu passado.
5. Mas me deixem falar um pouco sobre o cinema e eu. Para dizer - e me perdoem os cinéfilos - que nunca fui de ver filmes; de ir a tarde ou a noite ao cinema. Sempre gostei mais de teatros e de bons circos.
6. Invariavelmente, durante o filme, eu cochilo; o que pode significar uma ofensa monstruosa aos atores e atrizes que dão tudo de si, esperando receber críticas honestas ou efusivos aplausos dos espectadores que lotam as salas dos cinemas.
7. Pasmem! A última vez que entrei num cinema o fiz para fugir dos raios que caíam sobre São Paulo, numa daquelas suas tardes de irresponsáveis tempestades. Com medo dos relâmpagos e dos trovões, - estava em plena Avenida São João - busquei refúgio no primeiro cinema que encontrei. E, vejam, não encontrei a tranquilidade desejada: o filme que estava na tela era Guerra nas estrelas. Foi um sufoco.
8. Para não dizer que vivi a vida toda longe dos cinemas, houve um tempo em que não perdia os filmes da Atlântida.
9. Morava em Fortaleza. Aproveitando que meu pai era o gerente de um dos bons cinemas da cidade, tinha sempre uma poltrona à minha disposição para ver Aviso aos navegantes, O homem do sputinik, Carnaval no fogo, Nem Sansão nem Dalila, Este mundo é um pandeiro, e tantas outras sensacionais chanchadas que o tempo, lamentavelmente, está me fazendo esquecer.
10. Me divertia a beça com as tiradas inocentes do Oscarito, do Grande Otelo e do Ankito; e me empolgava com a lhaneza e os galanteios do Cyll Farney e do Anselmo Duarte.
Envolvia-me com a discreta beleza de Eliana, Fada Santoro, Sônia Mamede, Adelaide Chiozzo, e com a feiura angelical da Zezé Macedo.
11. Mas alguns filmes clássicos deixaram-me boas recordações. Cito dois: Assim caminha a humanidade, com Rock Hudson e a envolvente Elizabeth Taylor; e, claro, Cleópatra, onde, mais uma vez, brilhou Liz Taylor, agora com Rchard Burton.
12. Ainda cheguei, levado por uma companhia irrecusável, a ver um filme, não me recordo qual, estrelado por Ava Gardner. A condessa descalça, com Humphrey Bogart e Ava? Não sei!
13. Mas hoje é dia de Elizabeth Rosemond Taylor, nascida no subúrbio de Londres, no dia 27 de fevereiro de 1932, e que acaba de nos deixar. Posso dizer que ela e Rock Hudson me fizeram muitas vezes sonhar... nos meus, já taaaaaão distantes, tempos de rapaz.
14. Apesar dos contratempos que tumultuaram sua vida, Liz (apelido que ela detestava) dedicou parte de seu tempo às campanhas humanitárias. É conhecida a sua definida posição em favor dos aidéticos, livrando-os da odiosa discriminação que eles tiveram de enfrentar, tão logo a doença invadiu, particularmente, o meio artístico.
15. Um dos seus quatro filhos, Michel Wilding, vendo-a morta, declarou: "Minha mãe era uma mulher extraordinária que viveu a vida ao máximo, com muita paixão, humor e amor."
Não por acaso ela confessou: "Sempre admiti ser comandada por minhas paixões."
16. Elizabeth Taylor, uma mulher de muitos amores, e amada por muitos... Uma insuficiência cardíaca ceifou-lhe a vida. Mas, enquanto seu coração pulsou, ela amou... E amou pra valer!