Sem prato de massa
Quando Marinalva descobriu na web sua fama de sovina tirou-me o que há de mais valioso na vida; um bom prato de massa. Partindo disto fica claro meu remorso. Generosa ela é e eu um moleque presunçoso. Um homem pronto para julgar uma vida através de um prato de macarrão.
Sempre gostei de Marinalva. Ocorre nela aquilo que acontece no mundo. A primeira impressão que fica, pelo sucesso que faz, guarda muitas vezes a necessidade de novas impressões. Estas duas póstumas da primeira são muitas vezes opacas e soturnas, indefinidas. Zombam de nossa capacidade de leitura dramática, pois brincam nos bastidores da alma. Há alguma coisa nessa Marinalva digna de ser louvada e outra denegrida. Dois lados de uma mesma moeda empedernida.
Ganhasse dez milhões lhe daria. Ela sorriria diante dos dez milhões, colocaria o dinheiro bem longe da minha vista, até sumir de vez. Danem-se as leis da utilidade, dinheiro guardado rende. Nada de quindins, nada de doces, nada de despesas extras. Amanhã não sabemos o que será e por isso aumenta a cada dia o preço que se deve pagar para não sentir dor.
Tem razão. Devo consentir que minha monstruosidade está na palavra, no contexto fatalista das palavras. Risco mais antigo no escritor do que na web.
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