RUA VELHA

A minha infância

Ali ficou quase total

Onde brinquedos e brincadeiras

Foram meus companheiros,

Algumas vezes num lazer solitário.

Na minha casa

Na sombra do pé de ficus

Que arborizava um pedacinho de chão

Na sombra ficou parte da minha inocência.

Da minha infância

Também ficou um pedaço

Nas casas das professoras que me alfabetizaram,

Professoras dedicadas

Que eu tenho profunda gratidão.

Rua de amigos velhos

Que da casa do meu avô

Eu corria com medo de papangu

Que saía do hotel de Chico Travessa

Em pleno carnaval.

Carnaval de Praxedes e Heitor

Que eu brincava no matinê

E chegava em casa

Com cheiro de talco e com bola de encher

Além de lança-perfume de plástico, com água.

Na casa da rua velha

Deixei uma infância feliz

e uma rigorosa educação.

Mestre Joca, carpinteiro,

Fazia tábua de pirulito, pneu de carro de mão

E alguns brinquedos infantis.

Rua do lazer e dos meninos da infância,

Como Marcélio, Paulo de Zé Pereira, Chiquinho de Maroca,

Elson Trindade, Marcos de Dedé Avelino, Aprígio, Bolão, Zezinho de Zé Calazans, Paulo Barata, Naldinho e tantos outros.

A rua velha era o meu mundo,

Rua da poeira no verão

Da lama no inverno,

Brincava todos os minutos possíveis

Até retornar para casa

Suado e feliz.

Rua sem calçamento

Energia só até

Dez horas da noite,

Rua movimentada todos os dias

De alegria e de muita história.

Termino com frases

Do grande poeta Casimiro de Abreu

em 'Meus Oito Anos':

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

que os anos não trazem mais,

Que amor, que sonhos...

Marcos Calaça
Enviado por Marcos Calaça em 23/03/2011
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