O que penso da minha morte.
O que penso da minha morte.
Não temerei a morte, mas a tal foice,
Sei que na minha idade o que espero,
A garça preta, diz um amigo doce,
Vivi o suficiente, por que o desespero?
Na hora da minha morte, com certeza,
Passará um filme da vida, o meu tempo,
Pratiquei obras de caridade com leveza,
Amei a quem realmente devia a contento.
Não levarei dinheiro no pobre esquife;
Talvez a saudade de alguém, fica o adeus,
Joguei o jogo da vida, tive um bom cacife,
Após três dias esquecerão de mim, oh Deus.
Vi do pó e do pó voltarei, como diz a Bíblia,
Pais aos montes, mãe amiga e não mandona,
Bati e apanhei, mais apanhei, tive a vigília,
Por dizer a verdade fui considerado cafona.
Ficarei na cama abandonado, com as moscas,
Problemas cardíacos, o tal “coração-de-boi”,
Remédios sim, diálogo não, e..., cala-te boca.
Morrerei como todos e muitos dirão: -ele foi.
Porque temeria a passagem, se um dia nasci,
Até o dezoito demorou muito e não fiz nada,
Na melhor idade pouco fiz, passou rápido, vi,
Quis fazer mais, não deu tempo, que mancada!
Autor: Adiones Gomes da Silva, o Ponga.
Doc.38 – Jandaia do Sul-Pr, Out/2008.