NÓS – CEGOS, OS SAGAZES.
NÓS – CEGOS, OS SAGAZES.
Nesta crônica/conto não quero falar dos nós-cegos em corda, em barbante e outros. Quero tratar daqueles, que de tão “nós” são encharcados e embevecidos para não serem desatados tão facilmente! Senão vejamos alguns exemplares e suas características:
Nó-Cego Cachaceiro: é aquele viciado em cachaça, não aquele que fila de um, fila de outro, mas o que bebe em vários bares e botequins. Perqunta ao atendente se tem trôco para R$ 50,00 ou 100,00 e como a resposta quase sempre é não, responde que “depois eu pago”. Faz a “via-sacra” sempre nos mesmos, de vez em quando para não estragar a “freguesia”. Às vezes cai do cavalo: o botequeiro diz: - trás... e o Nó–Cego diz, se desculpando, - esqueci no bolso da outra calça. Só volta a aplicar se for muito conhecido ou segue a procura de novas paradas.
Nó-Cego Fumante: é viciado nas marcas “Se me dão aceso” e “dê-me um cigarro que amanhã te darei um maço”. Geralmente retorna ao mesmo, descarado e mansamente.
Nó-Cego Doente: diz: - estou doente, ou um da minha família está doente, preciso comprar remédios por isso me arrume R$ 30,00 ou 50,00, depois te pago! Sabe-se mais tarde que é pura engabelação e quando vê o credor na rua, vira até o nariz. Não retorna e perde-se “um amigo”.
Nó-Cego Viajante: pede dinheiro emprestado para uma viagem na busca de trabalho, etc.. Não vai e quando se percebe o tal Nó-Cego está jogando baralho, ou no bicho, ou tomando cachaça e outras coisas não recomendáveis. Esquece, às vezes, e volta pedir mais. Mas não pagou nem o primeiro empréstimo. É ruim!
Nó-Cego Moralista: este é brabo! Aparenta ser um santo mas, não o é. É um fariseu e hipócrita pois pensa que engana todo mundo mas está enganando a si próprio. Não se enxerga e não sabe ou, finge não saber, que ninguém o quer por perto por ser um chato. É um falso moralista, dono da verdade, não faz o bem a outrem e tem inveja daqueles que o fazem. Geralmente sabe da vida de todo mundo; a dele não cuida e por isso não consegue se impor ou segurar cargos por estar morto e só falta deitar! Não te enxergas!
Nó-Cego Rico e Capitalizado: tipo de muito dinheiro ou aparenta tê-lo. Anda de automóveis ou utilitários do último tipo, mas às vezes, está devendo até a casa ou apartamento onde reside. Compra fiado e não paga; dá nó no cabeleireiro; dá nó na lanchonete, nó no posto de gasolina, nó na oficina mecânica, nó no banco, nó na tosa e no banho da cachorrada, etc.. Quando bebe “uns álcoois” compra grandes fazendas, navios, aviões e assim por diante. Segue uma historinha real: em uma certa cidadezinha norte paranaense, situada no eixo Londrina-Maringá, havia na década de 60 vários compradores de café. Naquele tempo tinha o cheque universal, para ser compensado pelos bancos levava uma eternidade. O “seo Nono” dava as folhas pré-datadas, como hoje também se usa, e passando muitos anos adquiriu uma boa clientela e muita confiança dos produtores. Numa determinada safra derramou cheque para todo mundo e nos vencimentos as pessoas iam ao Banco e a resposta do gerente era: - não tem! Outro ia sacar e – não tem! Aí se formou grande fila para receber no escritório do “seo Nono” o qual pacientemente e fumando charuto cubano ou os famosos cigarros Bensons & Redges, ambos caríssimos, atendeu a todos que lhe diziam: - seo Nono, o Banco disse que não tem.... O ricaço após tomar uns goles de White Horse, respondeu-lhes com a maior boca mole: Mas se o Banco que é Banco disse que não tem..., será eu, o Nono, que vai ter! Se os credores receberam noutra oportunidade, aí é outra história.
Nó-Cego Pobre e Descapitalizado: este tipo é um coitado, às vezes dá nó para não deixar os seus familiares passarem fome pois se encontra desempregado a vários meses e até anos. Na realidade corta caminho para não passar aonde tem dívidas e as pessoas o confunde com uma pessoa bêbada. E está provado que um vivente sem dinheiro, até o seu andar é feio. Nó-Cego Candidato: promete até pagar as Taxas D’águas, de Energia Elétrica, etc. e após a eleição, eleito ou não, os estouros dos cortes são inevitáveis. As indústrias de brindes promocionais passam o maior “cagaço” com estas “figurinhas carimbadas”. Portanto, cuidado com estes e demais Nós -Cegos que estão sempre nos rondando, os incautos mortais.
Autor: Ponga, R. Rotary, 73 Jandaia do Sul-Pr, email:adionesgsilva@pop.com.br,SPJ/010/OUT/05.