OLHAR DIVINO.

A noite estava como não se via há muito, coalhada de estrelas

que piscavam como que disputando brilho, luz e beleza enquanto se espalhavam no imenso lençol/pano de fundo do infinito.

Ia olhando os astros pequenos pirilampos e passo a passo se dirigia ao passado. Sim, sempre visitava o passado ou talvez até fosse o contrário, quem sabe não era o presente quando se tornava futuro que ia visitá-la? Quem poderá entender/ desvendar os mistérios da alma...

Mas agora já não importava, apenas seguia enlevada e como a se deixar flutuar por entre as constelações caprichosamente dispersas no firmamento. Podia sentir-se tocando as estrelas com as mãos e sentindo as esparsas e tímidas nuvens acariciando seu rosto quase que a fazer cócegas em seu nariz, enquanto a brisa embaraçava seus cabelos e paradoxamente alinhava seus pensamentos desordenados.

Se sentia dividida entre o tempo dos homens ( o que nos aprisiona

no tic tac nervoso do relógio) e o tempo da alma, livre correndo ao fluxo de lembranças, saudades e quem sabe até expectativas do que poderá ser se vier a ser algo.

As folhas ainda úmidas após tantas lágrimas de chuvas que cairam incansáveis, quase inconsoláveis pingo a pingo, gota a gota nos últimos dias, afinal todos sabemos que elas, as águas de março sempre aparecem para fechar o verão, ou será que para abrir o outono? Vai saber. O fato é independente do ponto de vista elas chegam e soberanas se impôem.

O ar fresco da quase madrugada, a lua plena ( dizem que a lua das mulheres) refletia os olhos Divinos velando pelos pobres hóspedes do nosso planeta Terra.

E quase que bailava em seus passos lentos, leves e quase volitantes, silenciava ao redor o que era uma bela surpresa, pois o silêncio além de ser um dom de Deus, é uma página em branco de nossa alma.

Voltou os olhos do corpo e os da alma ao inesgotável tapete de estrelas que se deixou ficar ao redor da noite e percebeu que a vida é uma grande imagem do infinito, ora brilhante,pulsante, ora chuvosa, trovejante, ruidosa.

E mergulhada em sua própria essência se embriagou de si mesma e

antes que a madrugada virasse manhã, se deixou enlevada fechar os

olhos e se descobrir viva como há muito não se sentia.Naquele momento pode quase tocar o leve e luminoso vestido da Virgem Maria que em um céu de outono se debruçou sobre a Terra para deixar que todos seus filhos vissem seus olhos amorosos brilharem por todos,olhou o universo em forma de lua/estrelas e soprou um enorme

afago na brisa suave e fresca.

A manhã veio clara e calma e cada cristão acordou com uma sensação de conforto e com uma missão: divulgar aos quatro cantos do universo como as constelações se espalham, a mensagem mais linda e mais singela: AMAI AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Paz!!!!

Márcia Barcelos.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 23/03/2011
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