Sobre a Massificação...
Cadê a desigualdade?
Olho e reparo: o “gosto” se transformou numa “sociedade de coincidências propositais”. É comum julgar a qualidade de uma música de acordo com a freqüência com que ela é ouvida pelos outros; escolher a roupa que agrada as tendências regionais ou mundiais e comer aquilo está sendo ingerido pela massa.
Se quer saber, às vezes sinto saudades de um tempo que nunca presenciei. Um tempo em que havia “opinião”. Parece não existir mais o teor filosófico da opção pessoal, nem mesmo o compulsivo instinto de contrariar, nem que seja, ao menos, para se destacar. Sendo que, até mesmo, ser diferente já está ficando igual.
Que está acontecendo com a individualidade? Seria a globalização uma “robotização” da sociedade, a fim de homogeneizar todos os pontos da personalidade?
Pensando pelo ponto de vista do massificado, existe uma questão interessante: se a sociedade está impondo esse padrão, quem é a sociedade? Seria o fruto de uma minoria dominadora ou uma nova fase da evolução? Se a resposta for a primeira, de certa forma, abrindo mão de preceitos revolucionários com fins de igualdade, seria até mesmo mais interessante, pois é a aceitação de que a culpa não é “sua”, como propriamente poderia ser; mas, caso escolha a segunda resposta, o que poderia ser feito?
A partir do momento em que alguém pára pra levantar essa questão, demonstra um sinal de que tem consciência de um rumo tomado, ou seja, algo contornável.
Similaridades são interessantes na comunicação, no relacionamento, etc, mas o excesso causa o tédio. Maior prova disso é a constante mania de variar as “tendências do momento”.
Enfim, a propensão ao “novo” e o isolamento de algumas culturas em relação a outras é o que garante que sempre haverá um ponto de vista alternativo para com todos os hábitos e costumes, o que faz com que “nós” sempre tenhamos nosso espaço para a “desigualdade cultural”, que é o que faz o mundo um lugar tão interessante, repleto de fugas contra o tédio.