O tempo e o relacionamento nos dias de hoje.
Hoje vivemos em uma sociedade altamente dominada pelo tempo, ou melhor, a falta dele. Estamos sempre na correria, atrasados. O trânsito é uma tortura e precisamos chegar o mais rápido possível. E o que pudermos resolver pela internet ou pelo celular, melhor ainda, santa tecnologia.
Diante de tanta turbulência, os caminhos tornam-se confusos, e mal podemos enxergar o próximo. Um sorriso, uma palavra, um olhar de acolhimento, um abraço afetuoso, ou qualquer coisa que possa nos motivar, ou motivar o próximo. Na verdade não temos tempo para essas pequenas coisas. Afinal, para quê perder tempo reconhecendo um talento, uma gentileza? Ainda que este seja um amigo, um parente, ou até o manobrista do nosso carro. Não, é mais fácil vangloriar um artista, alguém ativo na mídia, uma celebridade em que representa o mais belo dos exemplos. Uma pena, porque todos esses processos só restringem o relacionamento do homem, seja com seus pais, seja com seus filhos, seja com seus cônjuges. Tudo isso por que por algum motivo aprendemos que temos que ser totalmente independentes, auto-suficientes, e não precisamos de aprovação alguma, portanto, não precisamos demonstrar nossos receios, nossas fraquezas. Assim podemos mentalizar: “sou um muro de concreto, sou um bloco de gelo”, ou pelo menos almeja ser visto assim, já que o mais importante de tudo é estar absurdamente no controle da situação, e tecnicamente esta é a fórmula exata para evitar os tombos que lhe pode vir.
O dia tem apenas 24 horas e precisamos acordar, tem a escola das crianças, tem o trabalho, ainda temos que passar no banco, no supermercado e quando chega à noite, é hora de cuidar da vaidade, e não podemos excluir a academia, um salão de beleza, uma beca e um bom perfume.
Diante de todos esses fatos como podemos trabalhar a nossa percepção, a empatia inata em todos nós e que muitas vezes só precisa ser lapidada. Como podemos compartilhar um brinde de amor e felicidade se mal temos “tempo” para uma boa conversa, um diálogo esclarecedor, baseado no respeito ao próximo, na cordialidade, na hombridade e na dignidade humana.
Quantas coisas deixamos de fazer, quantas vezes deixamos de demonstrar o que sentimos, quantas vezes deixamos de fazer um elogio, de dizer o quanto alguém é importante na sua vida e o quanto lhe faz ou lhe fará falta se estiver longe.
Precisamos ser surpreendido por um insight de humanização, precisamos valorizar o mundo em que vivemos, as coisas mais simples, como o sopro do vento, o barulho da chuva, uma boa canção e porque não, uma dose de poesia?! São pequenas coisas e pequenos gestos capazes de enriquecer um relacionamento, enaltecer a consciência e enobrecer a alma.