Anos atrás

É interessante como nós seres humanos, de vez em quando nos deparamos com as nossas reminiscências. Tanto é que, algumas vezes, elas surgem com tanta veemência, que o nosso coração, logo se rende a recordar os fatos e acontecimentos que nunca mais regressarão.

Esse é o poder da chamada nostalgia, momento pelo qual o nosso presente se anula, ressuscitando tudo aquilo que já estava guardado no baú de nossa memória.

Falo disso, porque dias atrás, avistei da janela do meu ônibus, uma amiga do tempo de escola, a Giselle. Ainda tentei chamar pelo seu nome, mas a minha voz baixa e a pressa do motorista me impediram de tal ação.

No dia seguinte, escrevi para Giselle contando do ocorrido e para minha surpresa, ela também havia reencontrado uma outra amiga nossa, a Cley.

Obviamente, que ao saber de tantos reencontros, voltei ao meu tempo de colegial. Parece que os períodos de escola são os mais felizes de nossas vidas. Naquela época éramos garotas, jovens, saudáveis. Tudo se resumia em sonhos, devaneios e esperança. Nem mesmo os professores mais casmurros nos assombravam.

Eu pensava em ser comissária de bordo, queria aprender várias línguas, conhecer diversas pessoas, ver de perto a formosura das nuvens, acordar no Norte e dormir no Sul. Era muito bom sonhar. Acreditar nas possibilidades e impossibilidades da vida. Converter as fórmulas nunca decoráveis de Física e Química em receitas perfeitas, para o nosso enigmático futuro.

Porém, nada em nossa existência é para sempre. O tempo se rompe, se desfaz, é máquina potente. Aceita erros, mas não concede o perdão, facilmente.

Hoje, eu e minhas amigas estamos na casa dos vinte e tantos anos. Giselle se tornou mãe de duas lindas meninas. Cley, formou-se em Farmácia. E, eu, graduei-me em Letras. Viajo agora com as palavras. Para o Norte ou para o Sul levo minhas personagens.

A vida em algumas situações toma rumos imprevisíveis.Seria essa a sua graça? Nunca me imaginei rodeada de textos, parágrafos, versos. Apenas me vejo, em algumas circunstâncias, como aquela mocinha de dezessete anos de idade.Uma mocinha, que jamais poderia presumir em transformar a sua nostalgia, em inspiração para escrever esta singela crônica.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 22/03/2011
Código do texto: T2863596
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