A GRANDE GREVE DO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI – UMA HISTÓRIA DO BRASIL (2)
Os estudantes secundaristas naquela época também eram politizados e davam testa à polícia, uma polícia violenta que atacava a tudo e a todos que eles consideravam vermelhos (comunistas). Era comum chamar de comunistas aos opositores do governo. E havia uma constante contestação ao regime ditatorial.
[A educação era ministrada de maneira mais inteligente e todos liam jornais, faziam teatro, aprendiam música, instrumentos e tinham noções de cidadania nas escolas públicas. O ensino público era excelente e acessível a todos. As escolas particulares na época eram conhecidas por possuírem cunho duvidoso e eram apelidadas pelos estudantes de escolas públicas de “pagou, passou” pelo fato de que todos eram aprovados sem conhecimento algum. O ensino público era muito rigoroso e havia inclusive fiscalização da Secretaria de Educação do governo do Estado na ocasião em que eram realizados os testes finais. Não havia “conselho de classe”: havia muita seriedade quanto à aprendizagem.]
O Conjunto Petroquímico da Bahia – COPEB teve o seu projeto de construção iniciado no princípio dos anos 60 e no dia 15 de abril de 1963 foi fundada a Associação de Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Estado da Bahia – ASPETRO.
A partir de 1964 todos os partidos de esquerda foram proscritos pelo Estado brasileiro e não restou outra opção senão a infiltração em todos os movimentos políticos. Não foi deferente com o Pólo Petroquímico de Camaçari. Partidos como o PCB, PC do B e PDT possuíam agentes infiltrados em todos os setores e a luta contra a ditadura foi incansável.
Durante o governo do general Costa e Silva foi criada a PETROQUISA, braço químico da PETROBRÁS, no dia 28 de dezembro de 1967.
O ano de 1968 foi seguramente o ano mais infeliz da história brasileira. No dia 13 de dezembro desse ano foi promulgado o Ato Institucional número 5 (o famigerado AI – 5) e com ele cerceadas todas as liberdades do povo. Os ditadores impetraram um verdadeiro regime de pavor, aconteceram revoltas populares em todos os cantos do país, foram verificados inúmeros movimentos estudantis contra as medidas do governo, militantes políticos eram cruelmente torturados nas masmorras brasileiras.
[Os estudantes saiam de colégio em colégio chamando os colegas e a massa estudantil ia aumentando à medida que iam se aproximando da Praça da Sé onde enfrentavam a polícia que ataca com cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. Íamos para a estátua do Padre Sardinha que na época ficava bem em frente do edifício Themis e alguns estudantes se colocavam no batente da estátua para discursar e proferir palavras de ordem contra a ditadura. Nessa época eu estudava num ginásio situado na Rua Ruy Barbosa e saia para acompanhar e apoiar os colegas que se dirigiam à Praça da Sé.]