EU E ALICE – A DO PAÍS DAS MARAVILHAS
 
E vamos nós, já que escrever é preciso, para tanto, juntarei o material da vida, naturalmente que usarei disfarces para os efeitos artísticos e sentimentais, isto posto,  transformarei o real numa irrealidade, povoarei com  os meus próprios  personagens  e através deles poder explicar a mim mesma.

Explicar a mim mesma... Não é coisa fácil, não só pra mim. Alice, a do país das maravilhas, também se viu enrolada com a dona Lagarta ao tentar, veja:
"(...) A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas, mas não posso explicar a mim mesma."

Certa vez, num comentário a escritora Nena Medeiros disse o seguinte::
... seu sorriso mostra uma alegria  transbordante e plena, seu textos gotejam angústia e sofrimento. Quem é a Zélia, afinal? Aquela que a imagem pinta ou aquela que as letras descrevem?

 Até que tentei me explicar e respondi:
Sabe, escritora, eu sou mais aquela que ri, mas, como todo ser, sou de natureza muito pouco definida  e estranhamente desigual, nada uniforme, choro, rio, fico triste, fico alegre, minto, digo a verdade, amo, desamo; E  acrescentei: além do mais, so sei que, por enquanto vivo, mas tenho a certeza da morte.
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 22/03/2011
Reeditado em 23/03/2011
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