220 – EU, E O SÓSIA DE MIM...

EU, E O SÓSIA DE MIM...

Mesmo para um bom observador, um bando de pingüins nas gélidas planícies da Antártida, com os olhos de não especialista o que se vê? Um bando de figuras iguais, tal como, seus semelhantes colocados como enfeites sobre geladeiras... Entretanto, o mesmo olhar também não identifica este ou aquele leão marinho que com aquele aspecto bem esquisito, que mais parece uma figura que tempo ainda não conseguiu modificar, mas que parece um ser em mutação que não se decidiu se precisa de pernas ou nadadeiras.

É necessário um diferencial para saber identificar quando os encontramos em outros continentes. A mesma dificuldade de individualização, também acontece com grupos de orcas ou de focas. Somente um detalhe quase imperceptível aos nossos olhos no dorso ou nadadeiras quando mostradas em fotos distingue uma das outras, aos olhos do especialista. Ou há necessidade do chip para identificação. Se bem que nós também já carregamos uma série de identificação via chip, (cartão de crédito, agora também no carro e qualquer dia aparecerá algum maluco para propor um chip humano, a ser implantado debaixo da pele para que possamos ser monitorados como os presos de penitenciária de segurança máxima, carregando todas as informações, inclusive seu (nosso) DNA.

Diferentemente, aos humanos que detalhes físicos externos acabam por revelar a descendência em várias gerações sem que se faça nem mesmo exame de DNA.

Aos humanos cabe carregar querendo ou não detalhes intrínsecos e extrínsecos. Os parentes consanguíneos sempre se apresentam como cerâmicas da mesma argila, a mesma forma, a mesma a fórmula e gene. Até o andar cadenciado e balançante ou mesmo arrastado e galopante, ainda que distante, se identifica:

- “lá vem o fulano de tal ontem”.

Neste último Natal, na já famosa reunião familiar onde se encontram os tios, primos, sobrinhos, cunhados, netos, filhos e obviamente pais é um verdadeiro festival de recordações dos bons momentos que já passamos juntos. Claro que vez ou outra a conversa recai sobre a saudade daqueles que já se foram, impossível não ter algum sentimento a respeito da falta deste ou daquele. O jeito é aproveitar o clima de festa e descontrair falando: - se fulano estivesse aqui estaria fazendo, isto é, aprontando alguma!

Eu estava observando a Taissa sobrinha neta de seis anos filha de Natália e Wendel e também a Sophia, nossa neta filha de Neila e Robinho. Este momento de observação foi durante a festa de preparação da festa de natal. Já viu né, “festa para preparar festa”.

Se faltar motivo para reunião eles preparam uma para programar outra.

De olho nas crianças observo o andar da Sophia que começou a dar os primeiros passos recentemente. Chamei uma das minhas filhas para que pudéssemos observar os maneirismos e trejeitos das meninas que brincavam. É incrível como se podem identificar os modos e maneira de andar, falar e até as brincadeiras que as crianças incorporaram dos pais e avós.

Além desta observação, resolvemos retirar do baú de reminiscências as fotos e da cabeça as lembranças, verificando que as semelhanças não nos traiam em momento algum.

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 22/03/2011
Reeditado em 01/04/2011
Código do texto: T2863013