“Zeca Bem falando de Caipora e Curupira”

Moro na Vila Carioca – Ipiranga - num dos bairros da capital de São Paulo, mas por ter vivido muitos anos no interior de vez em quando recordo da vida que levava por lá. Está tudo na minha cabeça, enfim são boas e más recordações, é com prazer que conto a vocês meus netos, Tangerynus, Rubens, Ademir, Antonio e Neuza, isso na medida do possível, que vou lembrando, são tantas histórias, afinal vivi por lá desde 1894 até a década dos anos de 1950.

Às vezes é uma grande misturada de lembranças que preciso parar para pensar, isto porque esse aparelho de surdez me deixa loco. Escuto telefone tocar, buzinas, sirenes de policia, ambulância e apitos das fábricas do bairro, enfim nada como ter uma audição perfeita, mas a vida é assim, com o passar dos anos nosso corpo vai...

Dizia meu avô que na sua juventude, tempos esses que vivia no interior lá pras bandas de Santa Eudóxia – Descalvado - Porto Ferreira, quando ele e seus vizinhos sitiantes resolviam caçar, antes de adentrar na imensa floresta, pediam autorização para uma entidade, entidade essa protetora, não sei dizer qual seria o nome certo, quem sabe, poderia ser o “caipora” ou coisa parecida.

O Caipora é uma entidade da mitologia tupi-guarani. É representada como um pequeno índio de pele escura, ágil, nu, que fuma um cachimbo e gosta de cachaça.

Habitante das florestas, reina sobre todos os animais e destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Seu corpo é todo coberto por pelos. Ele vive montado numa espécie de porco-do-mato e carrega uma vara. Aparentado do Curupira, protege os animais da floresta. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite.

O Curupira é uma figura do folclore brasileiro. Ele é um indiozinho de cabelos vermelhos com os pés virados para trás e com dentes verdes. Ele protege a floresta e os animais, espantando os caçadores e lenhadores com fortes assobios. Ele utiliza também seus pés virados para trás para despistar os caçadores, que ao ir atrás dele, vão na direção errada. (transcrito da Wikipédia). Dito isso, segue a oração que eles faziam para tal finalidade.

“ Cheguei, parei e antes de penetrar mata adentro, fiz a Deus uma prece, pedindo licença para o contacto com a imensa floresta. Dei os primeiros passos, fui andando e sentindo o frescor da sombra umedecida. A floresta me acolheu, como a mãe segura o filho em seus braços, demonstrando um grande afeto, amizade e bem querer.

As cobras, as onças, os lobos e os outros animais ferozes que são os guardas da floresta passaram a me proteger dos perigos; as samambaias se transformaram num tapete verde a minha passagem e os pássaros através de seus cantos a me saudar de contentamento; as flores se abriram e exalam perfumes e o balsamo da floresta invadiu o meu corpo, adentrando em minh’alma. Senti-me um membro da mãe natureza.

Para completar, os meus pés foram banhados pelas águas da nascente que brota por entre as pedras das encostas. Neste momento, ajoelhe-me e vi que estava junto da grande majestade que rege a natureza recebendo as forças que revigoram a vida. Não saí de dentro da floresta. Fiquei lá por muito tempo, afim de cada vez me elevar para a eternidade dos confins do Universo. No meio da floresta e participando de suas festividades, ouvir e sentir o cantar dos pássaros que se transformou em orações ao venerar a mãe-natureza”.

Aproveitando o ensejo disse também, que todos os seres humanos deveriam fazer um Juramento Ecológico Universal, juramento esse para conservar o planeta para as futuras gerações. Quem sabe o texto seria mais ou menos como segue abaixo.

“Eu, ecologista ou naturalidade e parte integrante do reino animal, vegetal e mineral deste planeta, perante o SER SUPREMO, juro com todos os desejos, propósitos e forças de minha alma, repor, defender e preservar a natureza e fazer cumprir as leis existentes em favor do meio ambiente. Assim sendo, assumo o compromisso de, em qualquer circunstancia e juntamente com os irmãos ecologistas do mundo, trabalhar voluntária e gratuitamente na recuperação e conservação do ambiente natural em todos os aspectos na superfície terrestre”.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 21/03/2011
Código do texto: T2862710