CACO

CACO

Caco é um fragmento de louça. Um pedaço sem valor.

Caco é uma pessoa envelhecida, doente, encarquilhada.

Era assim que “Ele” se denominava. Nada tinha significava naquele dia, naquela noite em que varava pela internet. Tem dias que é assim, a gente se sente sem graça. Principalmente quando se atinge certa idade, quando os desenganos vão conosco à frente e as esperanças vão ficando atrás.

Significado. A vida sem significado é uma vida cinzenta. Sem brilho, sem sol.

Certa idade. Certa idade é uma idade que já não é mais certa. Porque já ultrapassou o tempo de garantia.

Sem graça é aquilo que não faz mais rir.

Desenganos são as desilusões.

Mas a vida é cheia de surpresas. E de repente não mais que de repente, tudo que era nada passa a ser tudo. Tudo que era triste passa a ser festa. E uma caco, um simples caco sem valor, passa a ser um caco de grande valia.

Milagre? Mistério? Magia?

O Milagre do amor.

O Mistério do encontro.

A Magia das emoções.

Um encontro por acaso. Muitas coisas acontecem por acaso. Mas o milagre, o mistério e a magia estão não no mero encontro. Mas em transformar esse encontro numa história, numa música, em esperanças.

“Ele” não é mais Caco porque “Ela” o encontrou.

Juntou os pedacinhos, lustrou depois que remendou. Cadê o Caco? Que Caco? Agora “Ele” é vaso de valor.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 09/11/2006
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