A Rosa
Os cheiros de rosas estão aí... Por incrível que pareça, ainda podemos sentir os cheiros, as cores, os amores e a beleza. Ainda conseguimos sorrir, ainda podemos brincar... Pois é, amigos, a vida parece algo inevitável. Parece haver um poder grandioso que impede que a vida se extinga. Diante de um mundo cheio de hipocrisia e horror, diante de um povo que se esmera em cometer crimes, diante de tanta crueldade, ainda é possível encontrar poesia. Estamos na idade das cavernas... nunca saímos de lá. Ainda matamos, comemos carne, batemos em nossas esposas e agredimos nossos filhos. Ainda enganamos o nosso irmão como se fora algo correto... usamos nosso poder de mais forte para abusar contra o pequeno. Parecemos símios. Macacos que usam computador. Avançados homens das cavernas. Homens que arrastam suas damas pelos cabelos, que bebem vinho em canecas sujas, mijamos em plena rua! Ainda temos muito da ancestralidade animal, muito da lei da selva. Enquanto estamos conscientes disso tudo, ainda podemos reverter o quadro. Talvez não se trate de reversão e sim de crescimento à outra fase. A fase seguinte parece estar às portas. Céleres, avançamos rumo à humanidade. Ao observar ao meu redor, posso perceber que a beleza ainda perdurará por um longo tempo. Talvez possamos ainda aproveitá-la em sua plenitude. Talvez possamos amar desmesuradamente, quiçá compreender os mistérios que nos atormentam a alma: o que significa tudo isso? Estaremos aqui construindo um império para quando seu dono chegar? Ou estamos nascendo e morrendo num processo purgativo? Talvez não passemos de células de um organismo maior, talvez sejamos meros órgãos de um ser mais complexo... e aí estaremos fadados a uma consciência menor, assim como as células desconhecem a nossa existência, mesmo sendo parte indispensável de nós. E assim como as células do nosso corpo se renovam, morrendo umas para que outras as substituam, também assim podemos estar cumprindo o ritual, sendo as células de um ser mais avançado. Talvez Deus seja o conjunto de tudo isso... Talvez!