DEIXEM O BIG BROTHER EM PAZ!

Estamos na décima primeira edição do BIG BROTHER. Lembro-me de quando o programa teve transmitida sua primeira versão brasileira. Salvo engano, entre os participantes de dez anos atrás havia um francês, uma mulata, um homossexual, um baiano e dois pretensos casais. Lembro-me ainda que o programa foi apresentado pelo Pedro Bial e pela Marisa Orth.

Mais que isto, não me recordo.

Agora, da repercussão geral - antes, durante e depois do programa ir ao ar -, lembro-me muito bem. "- Olha! Tá vindo um programa aí que é um sucesso na Europa!", disseram quando o BBB foi anunciado. "- Vocês viram?! Tá passando na Argentina... lá se chama 'Grande Hermano'", também ouvi dizer quando o Big Brother estava no ar. "- Ah! Não deve ir longe isto aí, não. É 'fogo de palha' que logo se apaga!", ouvi quando o programa se encerrou.

Mas o fogo não se apagou e o programa foi longe. Muito longe!

Tão longe que, a cada nova edição, milhões de telespectadores esperançosos enviam vídeos se candidatando a participarem. Da mesma forma, milhões de outros telespectadores rejeitados/conformados, assistem ao programa e torcem contra ou a favor dos "brother's" e/ou "sister's" que lá estão. Também outros milhões de telespectadores curiosos, querem ver quem ou o que passa na casa, e saber quem ficará milionário no final do programa.

Agora, o intrigante são os críticos que assistem o programa somente para taxá-lo como anti-cultural. Ora, o que leva um programa como este permanecer por tanto tempo, com tamanho sucesso, na televisão?! Óbvio que não é somente sua audiência habitual, seus patrocinadores e os milhões de telefonemas dos telespectadores, mas também, a repercussão dos comentários e das fervorosas críticas sobre ele.

"- Caramba! Você viu o que escreveram sobre o Pedro Bial?!", diz uma pessoa que nunca assistiu ao programa, mas que leu uma crítica a seu apresentador. "- Pois é... fiquei sabendo que até o Luis Fernando Veríssimo 'meteu o pau' neste Big Brother", diz outro que sequer sabe o dia da semana em que passa o programa, mas que leu uma crônica sobre ele. "- É impressionante o baixo nível cultural de quem está lá, né?!!", diz alguém sem saber nenhum nome dos participantes do BBB, mas que ouviu de sua esposa, que um colega do trabalho dela, escutou da secretária do chefe, que um dos moradores da casa é uma "ANTA".

Pronto! Inúmeras pessoas que não davam a mínima ao BBB, vão ligar a TV no canal e horário do programa para “dar uma espiadinha", o que só fará aumentar sua audiência. E assim está disseminada uma corrente maior do que a da "Nildinha" - aquela menina doente, há dez anos em fase terminal, mas que espera desesperadamente que você repasse, com urgência, o e-mail com a foto dela.

Será que os críticos ferozes deste programa não percebem que, suas manifestações em prol da cultura brasileira, podem justamente trazer mais telespectadores àquele programa?! Será que eles não se dão conta de que, como formadores de opiniões, podem influenciar quem os ouve/lê a assistirem o BBB?!

Ora, a melhor receita para afastar um programa do consciente coletivo, colocá-lo no esquecimento, e, consequentemente, extirpá-lo da televisão, é ignorá-lo e não comentar sobre ele!!!

Vocês sabem porque alguns programas, hoje retransmitidos pela TV VIVA, sairam do ar? Simplesmente por que não mais havia repercussão pública sobre eles...

Então, às autoridades críticas do Big Brother Brasil, fica aqui minha sugestão: mudem o canal ou DEIXEM O BIG BROTHER EM PAZ!