Fábrica de dinheiro

Neste domingo o jornal divulgou a prisão dos envolvidos em escândalos do DAER. Já no Detran os escândalos são os números de acidentes nas rodovias envolvendo motoristas perfeitamente habilitados. Números de sangue e que envolveram cidadãos que passaram pelo ritual do psicotécnico, oftalmologia de ocasião e balizas da sorte. Tudo com alta remuneração.

Neste verão conversei com uma senhora que deve ser a mais antiga reprovada. A primeira vez rodou porque esquecer um sinal de luz. A segunda vez porque o carro se apagou, e ele é capaz de se apagar até nas mãos dos mais experientes. A terceira porque tocou levemente na baliza, que é apertada o suficiente para transformar a atividade num jogo de varetas e lucro. È uma pessoa traumatizada e fácil de arrancar dinheiro através de atividade repetitiva. Sou favorável à devolução pelo menos de parte do dinheiro arrecadado no sentido da obtenção da carteira de motorista. Os infelizes além de não levarem a prometida carteira de habilitação, que é especulativamente “provisória” no final das contas, são vexatoriamente sacrificados financeiramente. “Que espécie de educação é esta?”

Torno a repetir: os acidentes gravíssimos de trânsito envolvem motoristas com habilitação e os números são elevados. Sou favorável pela educação real que exige tecnologia de simulação, mais tempo de rodagem e mais tempo de reavaliação. Com novos tempos de rodagem com instrutores de dois em dois anos para voltar a corrigir os vícios existentes em toda operação mecânica. Isto sem custos ao cidadão porque dirigir é um direito da cidadania. O Brasil não deve se dar ao luxo de ver essas verdadeiras máquinas de arrecadação oferecer um número cada vez mais crescente de acidentes no trânsito.

Encontrei a melancólica senhora na praia, provavelmente a mais reprovada nestes anos, e lhe perguntei sobre a situação. Se havia obtido a carteira, finalmente. Ela respondeu com uma frase brilhante para fugir a profunda frustração do método brutal:

- Minha carteira continua lá no Detran.

Uma mulher humilde que poderia ver no mínimo o seu dinheiro de volta.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 19/03/2011
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