Equívoco
José Afranio deixou o trabalho ás 18:00, e seguiu sua rotina. Parou no bar de Pedro, e como de costume começou sua bebedeira.
Entre conversas aleatórias e piadas infames, conseguiu seu objetivo: ficar BÊBADO.
Cambaleante, seguiu para casa, após uma acirrada discursão sobre a conta, que acabou na "Pendura".
Para justificar suas bebedeiras, costumava falar para as pessoas que sua familia não o entendia. "Como entender, se só ficava bêbado?" perguntava alguns.
Chegando próximo do portão de casa, viu uma cena inusitada. Um cãozinho morto na calçada, vítima de atropelamento.
Correu até ele, e debruçou-se. Apesar da chuva, levantou o cãozinho e apertou-o em seus braços, começando um choro seguido de um lamento destorcido e embaçado.
O cãozinho branco, da raça Poodle, agora sujo pelo sangue e da lama, encontrava-se confortavelmente e imóvel no colo de José.
- O que aconteceu contigo? Bob, Bob.
Neste momento as pessoas começavam a se juntar, e algumas levavam a mão ao rosto, para tapar o nariz, em razão do odor, pois o cãozinho já começava a feder.
Sem se importar com o cheiro, o sangue, a lama e as pessoas, José apertava-o, chorando e lamentando.
De repente, surge Maria, mulher de José, e seus 02 filhos. O mais novo trazia nos braços um cãozinho branco, da raça Poodle.
- Pai. fala a criança. - O Bob está aqui.
José levanta os olhos, vê a família e seu adorável cãozinho.
olha para o cão morto em seus braços, e vai afastando-o do corpo.
Levanta-se, olha para o público, para a família e diz em voz alta: - Ainda bem!!
E entra em casa, atrás da família. Bêbado, molhado e fedendo á bebida e á cachorro morto.