A ANSIEDADE DE UM NOVO EMPREGO
Inegavelmente, um dos maiores receios de toda pessoa que faz uma bateria de testes, exames, entrevistas, visando uma vaga de emprego, não é tanto enfrentar essa primeira etapa, quando a adrenalina surge mais forte, em virtude da ferrenha concorrência durante todo esse processo, mas sim a incerteza e a ansiedade quando recebe a boa notícia de que será contratado. Mesmo tendo autoconfiança, não digo prepotência, o (a) candidato (a), por mais que não queira, sente sim, aquele frio da barriga assim como um cantor, um ator nos bastidores, momentos antes de uma aguardada estreia ou show. Este estado psicológico e bastante peculiar a qualquer ser humano numa circunstância assim. Não tem nada de anormal. Por mais que a pessoa seja extrovertida chega um dia como esse, principalmente quando se trata de um primeiro emprego, em que emudece, transpira frio enquanto não chega o primeiro dia de trabalho. Tudo para o recém-chegado é novidade. Desde o ambiente à receptividade dos colegas e supervisores.
O novo trabalho em si, apesar de já ter ouvido falar na teoria como é produzido, no momento de por a mão na massa sempre causará alguma dúvida, que logo será sanada e colocada pra escanteio à proporção que as ações idênticas se repetirem. É sempre assim, desde o começo do mundo. Ninguém está isento desses pequenos e imperceptíveis desequilíbrios emocionais, salvo raríssimas exceções.
Por outro lado, quando o recém-contratado sente uma súbita e inesperada antipatia por um colega ou mesmo chefe, aí são outros quinhentos. Pois uma sementinha dessa natureza só poderá brotar num futuro próximo, à revelia de ambas as partes, alguma dissensão, transformada posteriormente em até inimizade. E é aqui que mora o perigo, sem querer amedrontar ninguém que esteja procurando emprego.
Quando ocorre este tipo de aversão sem motivo aparente, o melhor que a pessoa faz é deixar o tempo fluir, sem querer tomar satisfações ou levantar suspeitas infundadas ou querendo ver fantasma onde não existe. Acontece muito isso quando alguém sofre de complexo de inferioridade. Pois pra ela, os bons sempre são os outros, não importanto o cargo que venha ocupar. Ela se considera sempre inferior, o seu serviço nunca irá mercer algum elogio. Isto é muito lamentável. Alguém tem capacidade, não é nada ridícula, mas o seu espelho está sempre sujo ou com deformações. Sendo assim, tal pessoa jamais se enxergará como é na realidade.
Só que a pessoa, à proporção que procura deixar o tempo passar, deve ao mesmo tempo ignorar tal relacionamento rancoroso, exercendo a sua tarefa com dignidade, responsabilidade, pois sendo assim, provará facilmente que não se trata de uma pessoa imatura,medrosa. Como a antipatia recíproca e imediata é algo extrassensorial, alguém coerente e tolerante, resolverá deixar esse "espinho" pra lá, já que ninguém poderá extirpá-lo do âmago de ninguém. Pois tal sentimento estranho não pode ser comparado como um móvel ou um objeto que não nos parece adequado num lugar e sendo assim, encontramos logo um meio de trocá-lo ou desfazer do mesmo, incontinenti.
E só pra finalizar, é bom deixar bem claro, que tal diferença ou semelhança de temperamentos acontece com ambos os sexos em todas as circunstâncias, diga-se de passagem.
João Bosco de Andrade Araújo