ZECA BEM FALANDO DE SÃO BENEDITO, O SANTO MOURO
Faltando poucos dias para encerrar o ano de 2008, é tempo de visitar os familiares, almoçar, jantar junto e bater um longo papo, enfim cada um tomou seu rumo, e agora nos reencontramos depois de tantos anos, e ao mesmo tempo resolvi fechar para balanço, aliás, nada tem haver com banco, empresa e comércio.
Quero dizer com isso que foi um ano proveitoso, que revendo meus arquivos, com essa história que acabei de enviar somam-se 99 histórias. Quem sabe num futuro próximo poderia editar um livro de memórias, apenas para ficar registrada a minha passagem por este mundo de meu Deus, apesar de que, hoje em dia editar livros e gravar Cds, tudo tem um custo elevado, a não ser que alguém patrocina, enfim, não é o meu caso, não tenho essas pretensões.
Meus sinceros agradecimentos aos senhores e senhoras criadores dos sites: www.vivasp.com. – www.saopaulominhacida.com.br., pela idéia de resgatar um pouco de São Paulo, enfim quem faz a história e o próprio povo, a história oficial muitas vezes omitem certas coisas, talvez não seja essa a intenção de quem é encarregado de pesquisar, enfim os historiadores são humanos e também erram. Obrigado mesmo por esta oportunidade de participar com as minhas histórias.
Revendo os familiares que reside no Jardim Botucatu – Saúde - SP, e conversando com os manos acabamos nos lembrando do meu avô materno, “Zeca Bem” que certo dia falou sobre São Benedito “O Santo Mouro”.
Segundo o meu avô materno por apelido de “Zeca Bem”, nome de batismo José Pereira Tangerino, nos relatou uma bela história que segue abaixo. Ele sempre vivia dizendo que o povo interiorano tem lá suas tradições e crendices, sendo que todos os dias têm um santo a ser cultuado pela igreja Católica, Apostólica, Romana.
Como já disse anteriormente o meu avô não sabia ler e nem escrever, mal assinava seu nome, mas era provido de uma sabedoria cabocla. Ele nasceu em 1894, no bairro rural por nome de Fazendinha (entre Porto Ferreira e Descalvado - SP) e faleceu num hospital em Diadema - São Paulo em 1986, sendo sepultado no Cemitério São Pedro (Vila Alpina - SP).
Contava ele que um dos seus santos favoritos era São Sebastião, padroeiro de Porto Ferreira, e entre outros o São Benedito – O Santo Mouro.
Mas falando de São Benedito, lembrou de que, uma das tradições era ter em casa a imagem do santo, ao seu lado uma xícara contendo café. Era um ritual obrigatório sempre que passava um café no coador em seguida colocar no bule, antes, porém, a primeira xícara tinha que ser para São Benedito, e ao mesmo tempo fazer o seu pedido...
Depois tomar e servir para outrem. Não soube dizer, mas certo dia o seu amigo deixou de fazê-lo, tomou a primeira xícara, fato que ficou chateado. Mas fazer o que já tinha tomado.
Neste dia o marido estava em casa e a esposa pediu para ele ir até a cidade e pagar algumas contas que estavam a vencer, e ao mesmo tempo receber uma quantia no banco, era o 13.o tão esperado pela esposa.
Juntando as economias de casa e mais o que ia receber davam para cobrir as despesas, e a esposa sentia uma sensação de alivio, porque gostava de pagar as contas em dia. O marido por não gostar de carregar carteira, porta documentos etc., resolveu colocar os carnês e outros boletos dentro de um envelope usado, dizia o marido que agindo assim não chamaria a atenção do “amigo do alheio”.
Enfim, o marido foi pra cidade pagou o que tinha que pagar, e depois retornou pra casa, e na hora de prestar contas com a esposa do dinheiro recebido deu falta de certo valor. A esposa vivia estressada e a perda do valor foi à gota d’água pra descarregar toda a sua ira acumulada no marido, que não sabia explicar como perdeu o dinheiro.
Após dizer “cobras e lagartos” para o esposo, que era cumpridor de seus deveres, afinal tinha boa índole, e gostava das coisas certas. Não sabia como justificar, e aparentemente demonstrava ter calma, mas só ele sabia que por dentro estava magoado, passando por problemas de saúde, mas não informou a esposa sobre o seu estado, e agora ter que escutar tudo aquilo, até falou para a esposa, puxa vida eu fiz um bico no sábado que ganhei uma boa quantia, foi um trabalho difícil, mas valeu à pena, e perder também o que ganhei, não consigo entender.
Ficaram alguns dias sem conversar, e toda vez que o marido chegava do trabalho, era a mesma conversa, você não me disse por onde andou, vê se lembra, quem sabe você foi na casa de alguma quenga e deu o dinheiro pra ela. O marido nada respondia...
Dias depois, numa segunda feira, o marido levanta da cama e vai fazer o cafezinho, desta vez não esqueceu, primeira xícara é para São Benedito. Feito isso, colocou na xícara o café, levou para a esposa que ainda estava na cama, e depois disso foi pegar uma bermuda pra vestir, e fica surpreso quando percebe que tem no bolso uns papéis, que na verdade não eram papéis e sim justamente o dinheiro supostamente perdido.
Com alegria ele leva o dinheiro nas mãos e mostra para a esposa, eis aqui o que tinha sumido. A esposa não entendeu. Repetiu, eis aqui o dinheiro que sumiu, e por isso ouvi de você o que não devia ouvir. A esposa sorriu, e pediu desculpas por tudo que tinha falado. Acreditem se quiserem, mas esse fato aconteceu, e segundo meu avô: “Conto o milagre, o santo foi São Benedito, mas o nome da pessoa não vou dizer”. São Benedito aplicou uma tunda. Acabou tendo um final feliz.